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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas – resultados da PNAD Contínua do primeiro trimestre de 2022

Por Sandro S. Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram queda de 8,7% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo trimestre de 2021, sendo o quarto trimestre consecutivo de queda interanual na renda. Apesar de parte desse movimento descendente ser apenas o inverso do observado ao longo de 2020, quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, a renda habitual encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia. A renda média habitual real de R$ 2.548 do primeiro trimestre de 2022 é, porém, superior ao valor do quarto trimestre de 2021 (que foi o menor valor registrado na série histórica da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua(PNADC)). Em relação à renda efetiva, observou-se redução de 6,2% na comparação interanual, aproximando-se ainda mais da queda da renda habitual. Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a queda da renda efetiva foi de 8,5%.

Por grupos demográficos, as maiores quedas na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registradas no Sudeste e Sul, entre os trabalhadores mais velhos e com ensino superior. Trabalhadores do Norte, mais jovens e com ensino fundamental foram os únicos a apresentarem pequenos aumentos na renda efetiva no primeiro trimestre de 2022. Nenhum grupo demográfico apresentou aumento da renda habitual.

Todavia, analisando por tipo de vínculo, revela-se que o pior impacto da queda nos rendimentos no primeiro trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com quedas da renda habitual e efetiva de 12,9% e 10,9%, respectivamente. No entanto, os empregados do setor privado (com carteira ou sem carteira) também apresentaram quedas nos rendimentos, porém menores que as observadas no trimestre anterior. Os trabalhadores por conta própria, que haviam registrado um crescimento da renda efetiva nos últimos trimestres, e apresentado quedas menores na renda habitual, mostraram uma deterioração da renda no início de 2022, com quedas das rendas efetivas e habituais de 2,8% e 6,4% respectivamente.

A queda maior da renda entre os servidores públicos em parte se reflete na maior queda dos rendimentos dos domicílios de renda mais alta e explica parte da queda da desigualdade de renda captada pelo índice de Gini nos últimos trimestres. Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice se reduziu continuamente em 2021. No primeiro trimestre de 2022, houve novamente um recuo da desigualdade em comparação ao trimestre anterior, tendo atingido 0,51 para a renda domiciliar do trabalho e 0,481 para a renda individual.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD contínua do quarto trimestre de 2021

Por Sandro S. de Carvalho

Os impactos iniciais da pandemia sobre o mercado de trabalho causaram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. No quarto trimestre de 2021, por sua vez, os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 10,7% em comparação com o mesmo trimestre de 2020, intensificando uma retração que havia se iniciado no trimestre terminado em abril. À medida que os trabalhadores informais e por conta própria foram retornando ao mercado de trabalho, o rendimento habitual médio foi se reduzindo, saindo de um pico de R$2.857 no trimestre móvel encerrado em julho de 2020 para R$ 2.447 no último trimestre de 2021. De certa forma, o arrefecimento do aumento da renda habitual indica o início de um retorno à normalidade do mercado de trabalho. Apesar de parte de tal movimento ser apenas o inverso (um ano depois) do observado no início da pandemia quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, a renda habitual encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia.

Após um pico observado no terceiro trimestre de 2020 causado pela saída de trabalhadores menos qualificados do mercado de trabalho no início da pandemia, a desigualdade de renda medida pelo índice de Gini tem recuado desde então, alcançando o valor de 0,490 no quarto trimestre de 2021 (contra 0,507 no terceiro trimestre de 2020). A queda da desigualdade tem ocorrido justamente por uma maior queda da desigualdade entre os trabalhadores do setor privado sem carteira.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD Contínua do terceiro trimestre de 2021

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os impactos imediatos da pandemia sobre os rendimentos, bem como a importân- cia do Auxílio Emergencial, foram analisados com os dados da PNAD Covid-19, que mostraram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. Tal descolamento também foi observado na PNAD Contínua, levando a que se deva considerar com mais atenção a renda efetiva para se avaliar a conjuntura dos rendimentos ao longo dos anos de 2020 e 2021. Os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 11,1% no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo trimestre de 2020, intensificando uma retração que se iniciou no trimestre terminado em abril. Contudo, tal movimento é apenas o inverso (um ano depois) do observado no início da pandemia, quando os rendimentos habituais apresentaram um aumento acelerado, atingindo um crescimento interanual de 8,2% no trimestre móvel entre maio e julho de 2020, tendo desacelerado após o terceiro trimestre. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, portanto antes da pandemia, os rendimentos habituais caíram 4,3% no terceiro trimestre de 2021.

Em contraste, a partir do trimestre móvel iniciado em abril do ano passado, a renda efetiva apresentou consecutivas quedas, apenas se recuperando após setembro. Os resultados mais recentes da PNAD Contínua confirmaram a deterioração da renda média. Enquanto que o crescimento interanual da renda efetiva cresceu 1% ao fim do segundo trimestre de 2021, sinalizando uma recuperação em comparação ao pior momento da pandemia, durante o terceiro trimestre a queda da renda efetiva média foi de 6,1%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, a renda efetiva média caiu 4,4%.

Tal resultado foi gerado por um efeito composição. Primeiro, a elevação da renda habitual média em 2020 se deve ao fato de a perda de ocupações ter se concentrado nas ocupações com remuneração mais baixas, nos setores de construção, comércio e alojamento e alimentação, além dos empregados sem carteira assinada e principalmente trabalhadores por conta própria. Portanto, os que permaneceram ocupados foram os de renda relativamente mais alta. Por sua vez, à medida que os trabalhadores informais e por conta própria foram retornando ao mercado de trabalho, o rendimento habitual médio foi se reduzindo. De certa forma, o arrefecimento do aumento da renda habitual e o aumento da renda efetiva indicam o início de um retorno à normalidade do mercado de trabalho. Contudo, a forte queda da renda efetiva no terceiro trimestre de 2021 e a queda em comparação com 2019 mostram que a aproximação aos níveis anteriores de ocupação tem se processado em um nível de renda média menor.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD Contínua do segundo trimestre de 2021

Por Sandro S. de Carvalho

Os impactos imediatos da pandemia sobre os rendimentos, bem como a importância do Auxílio Emergencial, foram analisados com os dados da PNAD Covid-19, que mostraram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. Tal descolamento também foi observado na PNAD Contínua, levando à consideração mais atenta da renda efetiva para se avaliar a conjuntura dos rendimentos ao longo dos anos de 2020 e 2021. Os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 6,6% no segundo trimestre de 2021 em comparação com o mesmo trimestre de 2020, intensificando uma retração que se iniciou no trimestre terminado em abril. Contudo, tal movi- mento é apenas o inverso (um ano depois) do observado no início da pandemia quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, atingindo um crescimento interanual de 8,6% no trimestre móvel entre maio e julho de 2020, tendo desacelerado após o terceiro trimestre. Ainda assim, apresenta um crescimento de 2,8% no quarto trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, portanto, antes da pandemia, os rendimentos habituais caíram 0,2% no segundo trimestre de 2021.

Em contraste, a renda efetiva apresentou consecutivas quedas a partir do trimestre móvel iniciado em abril do ano passado, apenas se recuperando após setembro. Entretanto, entre o fim de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, a renda efetiva voltou a apresentar quedas, tendo recuado 2,2% no primeiro trimestre de 2021 na comparação interanual. Após uma pequena recuperação em maio, o crescimento interanual da renda efetiva foi de 0,9% ao fim do segundo trimestre de 2021.

O impacto da pandemia no mercado de trabalho não ocorreu apenas sobre o nível de ocupação e os rendimentos. Também foram detectadas significativas alterações no comportamento das horas trabalhadas e no afastamento do trabalho. A pandemia não afetou as horas habitualmente trabalhadas que, durante 2020, manteve-se em torno de 39,5 horas semanais. Contudo, já no primeiro trimestre de 2020, e sobretudo no segundo trimestre, observou-se uma forte queda nas horas efetivamente trabalhadas, que alcançaram apenas 78% das horas habituais, o que representa uma jornada semanal média efetiva de 30,7 horas. O impacto foi maior entre os trabalhadores por conta própria (73%) e trabalhadores do setor público informais (72%). A comparação do quarto trimestre de 2020 com o mesmo trimestre do ano anterior já não mostrava diferenças significativas, o que se manteve no segundo trimestre de 2021, mostrando que a segunda onda da pandemia não causou novos impactos sobre as horas trabalhadas.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD Contínua do primeiro trimestre de 2021

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os impactos imediatos da pandemia sobre os rendimentos, bem como a importância do Auxílio Emergencial, foram analisados com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, que mostraram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. Tal descolamento também é observado na PNAD Contínua, levando a que se deva considerar com mais atenção a renda efetiva para se avaliar a conjuntura dos rendimentos ao longo dos anos de 2020 e 2021. Em 2020, de acordo com a PNAD Contínua, os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, atingindo um crescimento interanual de 8,6% no trimestre móvel entre maio e julho, tendo desacelerado após o terceiro trimestre. No primeiro trimestre de 2021, o crescimento da renda habitual foi de apenas 0,8%.

Em contraste, a partir do trimestre móvel iniciado em abril do ano passado, a renda efetiva apresentou consecutivas quedas na comparação interanual, apenas se recuperando após setembro. Entretanto, nos trimestres móveis terminados em dezembro e janeiro, a renda efetiva voltou a apresentar uma queda de 1% e 2,4% respectivamente. Os resultados mais recentes da PNAD Contínua confirmaram o impacto sobre a renda efetiva do recrudescimento da pandemia, visto que o primeiro trimestre de 2021 apresentou uma queda de 2,2% dos rendimentos efetivos. Esse padrão se repetiu para trabalhadores com diferentes grupos demográficos, tendo apenas as mulheres e trabalhadores com mais de 60 anos não apresentado uma queda da renda efetiva. No entanto, analisando por tipo de vínculo, revela-se que o impacto da segunda onda da pandemia nos rendimentos foi concentrado nos trabalhadores privados com carteira. Os trabalhadores por conta própria, que de modo geral haviam sido os mais atingidos pela pandemia, mostraram um crescimento de 3,9% da renda efetiva.

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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – Resultados da PNAD Contínua em 2020

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Dentro do contexto dos efeitos da pandemia, apesar do relativo aumento dos rendimentos habituais médios observado nos últimos meses, a forte queda da população ocupada causou um considerável impacto negativo na massa salarial real habitual. No trimestre móvel terminado em janeiro de 2021, a queda da massa de rendimentos habituais foi de 6,9% (somando R$ 211,4 bilhões) e a queda da massa efetiva foi de 11,1%, em comparação com o ano anterior, totalizando R$ 228,4 bilhões.

Outro importante efeito da pandemia foi o aumento da proporção de domicílios sem renda do trabalho devido à pandemia, que saltou de 25% no primeiro trimestre para 31,5% no segundo. No quarto trimestre, essa proporção caiu um pouco, para 29%, reforçando como tem sido lenta a recuperação do nível de ocupação aos patamares anteriores à pandemia. Houve também um aumento da proporção de domicílios na faixa de renda mais baixa e uma diminuição da proporção nas demais faixas. Detecta-se a queda generalizada dos rendimentos domiciliares efetivos, que, assim como a renda habitual, tiveram o pior desempenho na faixa de renda alta.

O impacto da pandemia no mercado de trabalho não ocorreu apenas sobre o nível de ocupação e os rendimentos. Também foram detectadas significativas alterações no comportamento das horas trabalhadas e no afastamento do trabalho. A pandemia não afetou as horas habitualmente trabalhadas – durante 2020, mantiveram-se em torno de 39,5 horas semanais. Contudo, já no primeiro trimestre de 2020, e sobretudo no segundo trimestre, observou-se uma forte queda nas horas efetivamente trabalhadas, que alcançaram apenas 78% das horas habituais, o que representa uma jornada semanal média efetiva de 30,7 horas. O impacto foi maior entre os trabalhadores por conta própria (73%) e entre os informais do setor público (72%). A comparação do quarto trimestre de 2020 com o mesmo trimestre do ano anterior já não mostra diferenças significativas.

Esse impacto sobre as horas efetivamente trabalhadas foi causado principalmente pelo maior afastamento do trabalho devido à pandemia. É possível detectar um aumento do afastamento do trabalho no primeiro trimestre de 2020, especialmente entre trabalhadores do setor público. No segundo trimestre, o afastamento da ocupação atinge 16,26% dos trabalhadores, afetando mais de 13,5 milhões. No quarto trimestre de 2020, a proporção de trabalhadores afastados já havia amplamente retornado aos patamares habituais; contudo, o principal motivo do afastamento é ainda a pandemia.

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