Por Andreza Aparecida Palma
O setor externo continua apresentando uma dinâmica favorável, mesmo diante das incertezas externas. O saldo comercial em agosto de 2022 foi de US$ 4,2 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor das exportações alcançou US$ 30,8 bilhões. Já o valor das importações foi o maior de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 1997 (US$ 26,7 bilhões). Apesar do recuo recente nos preços das commodities e do crescimento mais robusto das importações, o saldo permanece positivo.
Em relação ao balanço de pagamentos, a conta de transações correntes registrou sucessivos déficits entre setembro de 2021 e março de 2022. Houve superávit em abril de 2022 no valor de US$ 1,1 bilhão. No entanto, em maio de 2022, o déficit foi de US$ 3,5 bilhões, ante superávit de US$ 2,5 bilhões em maio de 2021. Para os dados acumulados em doze meses, a trajetória de redução do déficit observada desde novembro de 2021 foi revertida a partir de março de 2022. Em relação à conta capital e financeira, observou-se trajetória de relativa recuperação. Embora os níveis pré-pandemia ainda não tenham sido plenamente atingidos, os ingressos de investimento direto no país (IDP) se encontram em níveis satisfatórios e crescentes. No acumulado em doze meses até maio, o saldo atingiu US$ 60,2 bilhões (3,45% do produto interno bruto – PIB), ante US$ 47,3 bilhões (3,2% do PIB) no mesmo período do ano anterior. A princípio, a trajetória de aumento da taxa de juros Selic poderia potencializar a recuperação da conta financeira. No entanto, o recente aumento na taxa de juros norte-americana gera incerteza sobre o balanço de risco dos investidores.
Quanto à taxa de câmbio, a sua dinâmica permanece bastante volátil devido à elevada incerteza externa e interna. Durante os primeiros meses de 2022, houve um movimento de apreciação da taxa nominal de câmbio, revertido a partir de maio. Na comparação com os demais emergentes, o desempenho da moeda brasileira apresentou alguma melhora no período recente. As expectativas do relatório Focus apontam para um câmbio de R$ 5,20/US$ em dezembro de 2022 e ao fim de 2023, previsão mais otimista que a expectativa vigente ao final de 2021 (em 31 de dezembro, a previsão da taxa de câmbio para 2022 era de R$ 5,60/US$ e, para 2023, de R$ 5,40). Porém, persistem vários elementos de incerteza devido ao cenário mundial e interno, especialmente considerando a existência do conflito entre Rússia e Ucrânia, a crise energética na Europa, políticas monetárias contracionistas ao redor do mundo e o ano eleitoral no Brasil. Como pontos positivos para a dinâmica da taxa de câmbio, há que se destacar os fluxos cambial (houve entrada líquida de US$ 20,97 bilhões no acumulado do ano até julho, de acordo com dados do Banco Central do Brasil (BCB) e comercial positivos durante o ano de 2022.