Carta de Conjuntura nº 31
Por Marcelo José Nonnenberg
Após forte desvalorização cambial ocorrida no segundo semestre de 2015, o real voltou a se valorizar este ano, tendo registrado uma relativa estabilidade em abril e maio. O contínuo aumento do superavit comercial tem sido uma das poucas notícias favoráveis na economia brasileira nos últimos meses. De fato, o superavit alcançou um recorde em maio deste ano, de US$ 6,4 bilhões e, no acumulado do ano, de US$ 19,7 bilhões, quando em igual período de 2015, este valor foi de US$ 2,3 bilhões negativos. Na margem, o crescimento deste saldo vem resultando tanto do aumento das exportações quanto da redução das importações. No acumulado do ano, as exportações ainda registram uma pequena queda na comparação com o mesmo período de 2015, mas, pelo critério das médias diárias dessazonalizadas, o valor de maio já é cerca de 9,9% superior ao registrado em janeiro, enquanto as importações caíram 4,9% na mesma base de comparação. Vale notar, também, que todas as categorias de produtos das exportações registraram aumento nos últimos meses. E que o crescimento das exportações medidas em dólares tem sido ajudado, nos últimos meses, pelos preços de exportação, principalmente de produtos básicos, que passaram a acompanhar o crescimento das quantidades exportadas.
O deficit em transações correntes também retrocedeu significativamente nos quatro primeiros meses do ano, em comparação com igual período de 2015, passando de US$ 31,9 bilhões para US$ 7,2 bilhões no período. Esse movimento resultou, em grande parte, do saldo comercial, que passou de um deficit de US$ 5,5 bilhões para um superavit de US$ 12,4 bilhões. Contribuiu também a conta de serviços, cujo deficit passou de US$ 13,6 bilhões para US$ 8,7 bilhões no período.
Ao mesmo tempo, o ingresso líquido na Conta Capital e Financeira caiu de US$ 32,2 bilhões para apenas US$ 5,3 bilhões. Os Investimentos Externos aumentaram o ingresso líquido, passando de US$ 10 bilhões para US$ 21,1 bilhões, seja por conta de menores investimentos brasileiros no exterior, seja por maiores aportes de investidores no país. Contudo, apesar do aparente aumento do apetite dos investidores estrangeiros por empresas brasileiras, o aumento do risco país tem afugentado os empréstimos externos e as aplicações de curto prazo. Assim, os Investimentos em Carteira retrocederam em US$ 29,2 bilhões no período e os Outros Investimentos sofreram queda de US$ 13,9 bilhões.
Para o ano de 2016, as projeções mais recentes do mercado financeiro apontam para um superavit comercial próximo a US$ 50 bilhões e um deficit em conta corrente de cerca de US$ 15 bilhões. Supondo um ingresso de capitais entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões, um pouco abaixo da mais recente previsão do Banco Central (de US$ 25 bilhões), as reservas internacionais continuariam relativamente estáveis, próximas ou mesmo um pouco acima dos níveis atuais, de US$ 376 bilhões.
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