Análise e Projeções de Inflação

Por:  Maria Andréia P. Lameiras e Marcelo Lima de Moraes

Ao longo do último trimestre, o cenário de inflação no país voltou a surpreender favoravelmente, mesmo diante de uma aceleração dos índices de preços ao consumidor acumulados em doze meses. Após registar alta de apenas 3,2% em junho, a curva de inflação brasileira, em doze meses, medida pelo IPCA, avançou para 4,6%, em agosto, refletindo a reversão – já esperada – da trajetória de deflação dos preços administrados. Por certo, o efeito estatístico proveniente da exclusão das fortes quedas dos preços administrados em junho e julho de 2022 – em função das desonerações e mudanças tarifárias ocorridas neste período do ano passado – fez com que a taxa de inflação desse segmento, acumulada em doze meses, saltasse de -1,3%, em junho, para 7,7%, em agosto.

Em contrapartida, o desempenho melhor que o projetado anteriormente para os preços livres, especialmente para os alimentos no domicílio, compensou, pelo menos em parte, a alta dos preços administrados, impedindo um aumento ainda mais significativo do IPCA. No último trimestre, encerrado em agosto, os preços dos alimentos no domicílio registraram queda de 3,0%, contribuindo para que a inflação em doze meses deste segmento recuasse de 4,7%, em maio, para -0,6%, em agosto. No acumulado do ano, os alimentos no domicílio apontam deflação de 1,8%. Ainda que em menor intensidade, os bens industriais e os serviços livres também vêm apresentando uma trajetória mais benevolente, tendo em vista que as respectivas altas de 1,6% e 3,7% apontadas por estes dois segmentos em 2023 situam-se bem abaixo das registradas neste mesmo período do ano anterior (6,4% e 5,5%, respectivamente).
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Indicador Ipea Mensal de FBCF – Resultado de julho de 2023

Por Leonardo Mello de Carvalho

O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que agrega os investimentos em máquinas e equipamentos, na construção civil e em outros ativos fixos, registra uma queda de 1,5% na comparação entre julho e junho na série com ajuste sazonal. O resultado sucedeu à baixa verificada no mês anterior, quando o indicador recuou 0,7%. Com isso, o trimestre móvel encerrado em julho registrou queda de 0,2% na comparação dessazonalizada. Vale notar que o indicador se situa 17,6% abaixo do máximo atingido na série, verificado em abril de 2013.

Nas comparações com os mesmos períodos de 2022, o indicador mensal apresentou quedas de 6,5%, em julho, e 3,1%, no trimestre móvel. Em relação aos primeiros sete meses de 2022, o resultado é negativo (-1,8%). Já no acumulado em doze meses, os investimentos totais apresentaram um crescimento de 0,8% em julho.

Na comparação com ajuste sazonal, os investimentos em máquinas e equipamentos – medidos segundo o conceito de consumo aparente, que corresponde à produção nacional destinada ao mercado interno acrescida das importações – apresentaram um recuo de 4,0% em julho, encerrando o trimestre móvel com alta de 1,1%.

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Desempenho recente do mercado de trabalho

Por Maria Andreia Parente Lameiras, Sandro Pereira Silva, Lauro Roberto Ramos, Leo Veríssimo Fernandes e Gabriela Carolina Rezende Padilha

O mercado de trabalho brasileiro segue em trajetória favorável, caracterizada, entres outros aspectos, por quedas contínuas da taxa de desocupação e expansão da ocupação, especialmente formal. Adicionalmente, o aumento da massa salarial e os recuos da subocupação e do desalento ratificam esse cenário benigno.

De acordo com as estatísticas mensalizadas da PNAD Contínua, em julho, a taxa de desocupação dessazonalizada recuou pelo sexto mês consecutivo, chegando a 7,6% e atingindo o menor patamar desde abril de 2015. Embora parte dessa queda da desocupação possa ser creditada ao arrefecimento da taxa de participação, a forte expansão da população ocupada é o principal fator explicativo para o recuo do desemprego no país. Entre janeiro e julho, o contingente de ocupados dessazonalizado na economia brasileira passou de 98 milhões para 100,3 milhões de trabalhadores, acelerando 2,3%. Na comparação com julho de 2022, a alta é de 0,9%. Já no caso da taxa de participação, observa-se que, embora já se evidencie uma leve retomada na margem – 62,1%, em julho ante 61,5% observado em janeiro, na série dessazonalizada –, esta variável ainda se encontra em patamar reduzido, quando comparado à sua média histórica.

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Projeção do valor adicionado do setor agropecuário para 2023

Por Pedro M. Garcia e José Ronaldo de C. Souza Jr.

Esta Nota revisa a nossa previsão para o crescimento do valor adicionado (VA) setor agropecuário em 2023 e apresenta a primeira projeção do VA para 2024 com base, principalmente, nas perspectivas para a safra 2023-2024 divulgadas recentemente pela Conab. A projeção para o VA deste ano foi revisada de crescimento de 13,2%, conforme divulgado na Nota de Conjuntu- ra no 26 da Carta de Conjuntura no 59,1 para 15,5% com base nas novas estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) e nos resultados mais recentes das Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais, do leite e da produção de ovos de galinha – todas do IBGE. Para 2024, a primeira previsão é de leve expansão de 0,4%. Essa previsão ainda é bem preliminar, com base nas perspectivas iniciais da Conab.

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Comércio exterior do agronegócio: agosto de 2023

Por Diego Ferreira, Ana Cecília Kreter e José Ronaldo de C. Souza Jr.

O agronegócio brasileiro encerrou agosto de 2023 registrando superávit comercial de US$ 13,99 bilhões. Ainda que suas exportações tenham aumentado 5,3% ante o mesmo mês de 2022, atingindo o montante de US$ 15,44 bilhões exportados, o aumento de 7,78% registrado no saldo da balança comercial do setor é também reflexo da queda de 13,8% nas importações de produtos agropecuários pelo Brasil, que atingiu a marca de US$ 1,45 bilhão no último mês. Embora o expressivo superávit comercial do agronegócio continue a compensar o déficit enfrentado pelos demais setores, a contínua queda no volume importado pela economia brasileira tem beneficiado expressivamente a balança comercial do país.

No acumulado dos últimos doze meses, o superávit comercial do agronegócio somou US$ 145,50 bilhões, valor 13,3% maior do que no período dos doze meses anteriores, resultado de US$ 162,54 bilhões de exportações (crescimento de 11,9% ante igual período anterior) e US$ 17,03 bilhões de importações (crescimento de 1,3%).

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Indicador Ipea de consumo aparente de bens industriais – julho de 2023

Por Leonardo Mello de Carvalho

O Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais registrou uma queda de 2,5% na comparação entre julho e junho na série com ajuste sazonal. Esse indicador é uma proxy da demanda interna por bens industriais – definido como a parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno, acrescida das importações. Este resultado ocorreu em razão do recuo de 3,5% da produção interna destinada ao mercado nacional (bens nacionais) e da alta de 0,2% das importações de bens industriais, conforme mostra a tabela 1.

O desempenho negativo em julho sucedeu ao avanço registrado em junho, implicando uma queda de 0,3% no trimestre móvel encerrado em julho, na margem. Já na comparação interanual ocorreram recuos de 5,2% do indicador mensal contra julho do ano passado e de 2,6% no trimestre móvel em relação ao verificado no mesmo período de 2022. No acumulado em doze meses, a demanda por bens industriais registrou baixa de 1,1%, corroborando o cenário de estagnação já apontado pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIM-PF/IBGE), como visto no gráfico 1.

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Investimento líquido e estoque de capital – segundo trimestre de 2023

Por José Ronaldo de C. Souza Júnior e Felipe Moraes Cornelio

Esta nota atualiza as séries dos indicadores Ipea de investimento líquido e de estoque de capital até o segundo trimestre de 2023. Os dados acumulados em doze meses dos investimentos brutos (formação bruta de capital fixo – FBCF) mostram uma queda de 8,1% no segundo trimestre de 2023. No entanto, isso ocorre devido à alta base de comparação, e o nível da FBCF, portanto, se mantém elevado. Por conseguinte, o investimento líquido (FBCF excluído o valor da depreciação do estoque de capital prévio) se beneficiou da manutenção da FBCF e, combinado com redução da depreciação, apresentou uma aceleração do crescimento. O resultado em termos de estoque de capital foi a continuidade de crescimento, atingindo uma taxa de crescimento interanual de 1,3% em junho de 2023 – depois de ter fechado 2022 com 1,0%. Em termos de investimento líquido, a categoria de máquinas e equipamentos apresenta valores negativos, após a apresentação de valores positivos até o início de 2022. As outras duas categorias, construção e outros, apresentaram crescimento no período.

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Inflação por faixa de renda – agosto/2023

Por Maria Andreia Parente Lameiras

Mantendo-se a tendência dos últimos meses, em agosto, os dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostram que a inflação foi, novamente, menor para as famílias de renda mais baixa. Segundo o indicador, enquanto os preços dos bens e serviços consumidos pelo grupo de renda muito baixa avançaram, em média, 0,13% em agosto, a variação média dos preços registrada no segmento de renda alta foi de 0,24%. Já a classe de renda média alta foi a que apontou a maior taxa de inflação no mesmo mês (0,32%).

No acumulado do ano, a faixa de renda muito baixa é a que apresenta a menor taxa de inflação (2,3%), ao passo que a maior variação ocorre no segmento de renda alta (3,8%). De modo semelhante, no acumulado em doze meses, enquanto a menor taxa de inflação é verificada na classe de renda muito baixa (3,7%), a mais elevada está no estrato de renda alta (5,9%).


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Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI) – julho de 2023

Por Maria Andreia Parente Lameiras e Tarsylla da Silva de Godoy Oliveira

O Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI), calculado pelo Ipea, apresentou taxa de variação de -0,03% em julho de 2023, situando-se 0,27 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada no mês anterior (-0,30%). Na comparação com o mesmo mês de 2022, a variação foi -0,38 p.p. menor. Com a incorporação desse resultado, o ICTI acumula variação de 3,14% nos últimos doze meses.

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Estimativa preliminar do resultado primário do governo central em agosto de 2023

Por Sergio Ferreira e Felipe Martins

De acordo com dados da execução orçamentária, registrados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal, obtidos por meio do Tesouro Gerencial, os quais fornecem boa aproximação com os dados oficiais relativos ao resultado primário que será divulgado posteriormente pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), agosto de 2023 apresentou um déficit primário de R$ 25,7 bilhões nas contas do governo central. A receita líquida do governo central atingiu R$ 134,6 bilhões nesse mês, decréscimo em termos reais de 7,1%, comparativamente a agosto de 2022, ao passo que a despesa totalizou R$ 160,4 bilhões, decréscimo de 18,9% na mesma base de comparação. No acumulado de janeiro a agosto o déficit primário está em R$ 102,9 bilhões, ante o superávit de R$ 26,3 bilhões no mesmo período de 2022.

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