Por Sandro Sacchet de Carvalho
Os dados dos rendimentos do trabalho do quarto trimestre de 2023 apresentaram uma nova elevação em relação ao trimestre anterior, consolidando o aumento da renda no segundo semestre de 2023, após uma relativa estabilidade ao longo do primeiro. O crescimento interanual da renda habitual média foi de 3,1%. Estimativas mensais mostram que o rendimento médio real em dezembro de 2023 (R$ 3.100,00) foi 0,7% maior que o observado no mês anterior (R$ 3.078,00) e 3,3% superior ao valor de junho do mesmo ano, além de 3,9% maior que o valor registrado em dezembro de 2022 (R$ 2.985,00). Em janeiro de 2024, a estimativa mensal avançou para R$ 3.118,00. No segundo trimestre de 2023, a renda média se manteve acima da observada no mesmo trimestre de 2019 pela primeira vez desde a pandemia (0,6%). Já no quarto trimestre de 2023, a renda média superou o mesmo trimestre de 2019 em 2,1%.
Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período de 2022 foram registrados no Norte e no Nordeste, entre os trabalhadores adultos (entre 40 e 59 anos) e com ensino médio completo. Apenas trabalhadores com ensino fundamental completo ou escolaridade inferior apresentaram queda na renda. O crescimento foi menor para os que habitam no Sul e no Centro-Oeste, os maiores de 60 anos, homens e os chefes de família.
Na análise por tipo de vínculo, foram os empregados sem carteira assinada que apresentaram o maior crescimento interanual da renda, com um aumento de 7,2%. Após alguns trimestres com forte elevação da renda, os trabalhadores autônomos obtiveram um aumento de 1,0% da renda em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Por sua vez, os trabalhadores do setor público mostraram um crescimento de 3,8%, e os empregados com carteira assinada, de 2,7%.
Por setor, no quarto trimestre de 2023, houve queda da renda nos setores de transporte e construção, com redução interanual da renda habitual de 1,7% e 3,8% respectivamente. Já os trabalhadores da indústria, comércio e administração pública mostraram crescimento superior a 4,5%. Destaca-se a recuperação da renda na agricultura, que cresceu 0,9% no quarto trimestre, após forte queda no trimestre anterior.
Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto, o segundo trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da renda domiciliar se mantido relativamente estável desde então. No quarto trimestre de 2023, o índice de Gini da renda domiciliar subiu para 0,523. Já o índice de Gini da renda individual apresentou uma queda maior desde o terceiro trimestre de 2022 até o segundo trimestre de 2023 e elevou-se de 0,492 para 0,495 entre o terceiro e quarto trimestres de 2023.