Por: Maria Andréia P. Lameiras; Tarsylla Godoy de Oliveira
O ambiente inflacionário brasileiro ainda se mostra bastante desafiador, mesmo diante de um quadro recente relativamente mais benigno. Por certo, em que pese a desaceleração dos principais índices de preços, na margem, a trajetória de inflação no país continua marcada por pressões setoriais persistentes, núcleos em patamares elevados e expectativas desancoradas, sinalizando um processo de desinflação lento e com custo alto em termos de atividade econômica.
Em maio, a inflação medida pelo IPCA, surpreendeu positivamente, refletindo a desaceleração mais forte dos preços dos alimentos e a deflação dos combustíveis e dos bens de consumo duráveis. Desta forma, no acumulado em doze meses, o IPCA recuou de 5,5% em abril para 5,3% em maio, incorporando as altas de 4,9% dos preços administrados, 7,2% dos alimentos no domicílio e 3,9% dos bens industriais.
Apesar da desaceleração dos índices agregados, a composição da inflação ainda exige cautela por parte da autoridade monetária. Por um lado, a dissipação do choque de alimentos, aliada à desaceleração dos preços internacionais do petróleo e das commodities industriais e à melhora do comportamento da taxa de câmbio, vem reduzindo as pressões de curto prazo. Por outro lado, no entanto, a inflação de serviços permanece elevada e resiliente, refletindo maior aquecimento da demanda doméstica. Após encerrar 2024 com variação de 4,8%, os serviços aceleraram para 5,8% em doze meses até maio.

