Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do segundo trimestre de 2024

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os dados dos rendimentos do trabalho do segundo trimestre de 2024 apresentaram uma nova elevação em relação ao trimestre anterior, consolidando o aumento da renda iniciado no segundo semestre de 2023. O crescimento interanual da renda habitual média foi de 5,8%. Entretanto, estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real alcançou o pico em abril de 2024 (R$ 3.255,00), tendo recuado até R$ 3.187,00 em julho de 2024, valor 2,1% menor.

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda, na comparação com o mesmo período de 2023, foram registrados no Nordeste, entre os trabalhadores mais velhos (acima de 60 anos) e com ensino superior. Apenas trabalhadores com ensino fundamental incompleto ou escolaridade inferior apresentaram fraco aumento na renda. O crescimento foi menor para os que habitam no Centro-Oeste, entre os jovens (14 a 24 anos) e em regiões metropolitanas.

Na análise por tipo de vínculo, foram os trabalhadores por conta própria, empregados sem carteira e do setor público apresentaram crescimento interanual da renda acima de 7% (7%, 7,9% e 7,4% respectivamente). Por sua vez, os trabalhadores privados com carteira mostraram crescimento de 4,4%, mantendo taxas de crescimento mais lentas que as demais categorias desde o início de 2023.

Por setor, no segundo trimestre de 2024, os piores desempenhos da renda habitual foram nos setores de construção, agricultura e serviços profissionais, com queda interanual de 1,0%, e aumentos de 0,5% e de 2,1%, respectivamente. Já os trabalhadores da indústria e da administração pública mostraram crescimento superior a 8,0%.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto, o segundo trimestre de 2022 apresentou reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da renda domiciliar se mantido relativamente estável desde então. No segundo trimestre de 2024, o índice de Gini da renda domiciliar se manteve em 0,520. Já o índice de Gini da renda individual subiu de 0,490 para 0,492 entre o primeiro e o segundo trimestres de 2024.​

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