Por Maria Andréia Parente Lameiras e Tarsylla da Silva de Godoy Oliveira
Os dados mais recentes mostram que, ao conjugar uma aceleração mais intensa dos preços livres com o surgimento de pressões adicionais sobre os preços administrados, o ambiente inflacionário brasileiro vem se tornando menos favorável, gerando, por conseguinte, um aumento das expectativas de inflação. Por certo, diante de um desempenho mais forte do nível de atividade e seus impactos sobre um mercado de trabalho já bastante aquecido, a aceleração dos preços dos serviços livres, aliada aos efeitos da desvalorização cambial sobre os bens comercializáveis e à ocorrência de novos focos de pressão sobre os preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, sinaliza que o processo de desinflação da economia brasileira tende a ser mais lento que o projetado anteriormente.
A partir desse contexto mais desafiador, mesmo diante de um cenário de menor pressão de preços dos alimentos, a piora na trajetória dos serviços livres, dos bens industriais e dos preços administrados, ante a projetada anteriormente, gerou uma elevação das projeções do Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Dimac/Ipea) para a inflação em 2024. No caso do IPCA, a alta estimada avançou de 4,0% para 4,4%, enquanto para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a taxa passou de 3,8% para 4,2%.