Por: Maria Andréia P. Lameiras e Marcelo Lima de Moraes
Os dados mais recentes mostram que o processo de desinflação da economia brasileira segue em curso, beneficiado por um desempenho ainda mais favorável dos preços dos bens livres e por uma alta menos intensa dos preços administrados. No acumulado em doze meses, até novembro, a taxa de inflação brasileira, medida IPCA, é de 4,7%, situando-se 1,2 p.p. abaixo da observada no mesmo período do ano anterior. No ano, a variação de preços apontada pelo IPCA é de 4,0%.
Com efeito, embora o principal foco de pressão sobre a inflação em 2023 tenha origem no comportamento dos preços administrados, com variação, no ano, de 8,8%, deve-se ressaltar que, na margem, esse grupo vem apresentando uma trajetória mais benevolente, repercutindo, sobretudo, a queda do preço da gasolina, nos últimos meses, proporcionada pelo recuo das cotações internacionais do petróleo, combinado à recente apreciação cambial. Adicionalmente, a melhora no desempenho dos alimentos e dos bens industriais, especialmente dos bens de consumo duráveis, com deflações acumuladas no ano de 1,8% e 0,54%, respectivamente, explica esse quadro de maior alívio inflacionário em 2023. Deve-se registar, ainda, que, mesmo diante de uma trajetória de desaceleração, a resiliência da inflação dos serviços livres, com alta de 5,6% no ano, vem impedindo um recuo ainda mais intenso dos índices de preços correntes.