Por Sandro Sacchet de Carvalho
Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 7,4% no primeiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, apontando a desaceleração da recuperação da renda. A renda média habitual real de R$ 2.900, registrada no primeiro trimestre de 2023, aproxima-se dos níveis observados em dezembro de 2019 (R$ 2.910), imediatamente anterior à pandemia. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em abril de 2023 (R$ 2.909) foi 0,5% menor que o observado no mês anterior (R$ 2.923) e 0,6% menor que o registrado em dezembro de 2022 (R$ 2.928). A renda efetiva também cresceu 7,1% na comparação interanual.
Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Nordeste, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensino superior. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Sul e em regiões não metropolitanas, os maiores de 60 anos, aqueles com ensino fundamental completo e os chefes de família.
Na análise por tipo de vínculo, revela-se que o menor crescimento dos rendimentos no primeiro trimestre de 2023 encontra-se nos trabalhadores do setor privado com carteira, com elevação da renda habitual e efetiva de 4,1% e 4,5%, respectivamente. Os trabalhadores do setor público apresentaram elevação da renda no primeiro trimestre de 2023 (cerca de 5,5% da renda habitual). Por sua vez, os trabalhadores informais foram os que tiveram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 8,9% para os trabalhadores por conta própria e de 14,7% para os sem carteira. Isso se refletiu no comportamento da renda por setor de atividade: os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, comércio, serviços pessoais e coletivos, e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde, e indústria, apresentaram menor elevação da renda habitual ou efetiva. Contudo, já há sinais de menor crescimento da renda em setores bastante informais como construção e transporte.
Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto, o segundo trimestre apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da renda efetiva subido de 0,510 no primeiro trimestre para 0,519 no terceiro, e o da renda habitual passado de 0,481 para 0,494. No primeiro trimestre de 2023, observou-se uma estabilidade no índice da renda domiciliar e uma queda do índice da renda individual para 0,491.