Arquivos mensais: março 2023

Visão Geral da Conjuntura

Por Estêvão Kopschitz X. Bastos, Leonardo Mello de Carvalho, Maria Andréia P. Lameiras e Francisco E. de Luna A. Santos

As perspectivas de crescimento de importantes economias no mundo melhoraram no primeiro trimestre de 2023, em relação ao que se esperava no fim do ano passado. Uma nova fonte de atenção, porém, surgiu com a quebra de bancos regionais nos Estados Unidos, seguida de dificuldades em bancos europeus. No entanto, o problema tem sido contornado e não impediu os bancos centrais de Estados Unidos e Europa de continuar aumentando suas taxas básicas de juros.

No Brasil, desde o último trimestre do ano passado, o comportamento dos indicadores setoriais indica desaceleração bastante disseminada da atividade econômica, e este quadro se manteve nos primeiros meses de 2023. O mercado de trabalho vem mostrando sinais de arrefecimento, caracterizado por leve aceleração da taxa de desocupação, refletindo a perda de dinamismo da população ocupada. Em contrapartida, o aumento dos rendimentos médios tem possibilitado o crescimento da massa salarial.

Os dados mais recentes mostram que o processo de desinflação da economia brasileira vem se consolidando nos últimos meses, embora tanto os índices de preços ao consumidor quanto as médias dos núcleos de inflação ainda se encontrem em patamares relativamente elevados. No front fiscal, após as contas públicas fecharem 2022 com números bastante positivos, a expectativa para o ano corrente é de redução do resultado primário do setor público consolidado.

Esperamos que, no primeiro trimestre de 2023, o PIB brasileiro avance 1,2% na comparação, com ajuste sazonal, com o último trimestre de 2022, e tenha alta de 2,7% sobre o primeiro trimestre do ano passado. Para o acumulado em 2023, o cenário considera que a economia se recupera progressivamente ao longo do ano, registrando crescimento de 1,4%. Apontamos, ainda, para uma expansão do PIB de 2,0% em 2024.

As projeções do Grupo de Conjuntura do Ipea para o IPCA indicam que a inflação acumulada em 2023 deve manter-se no nível atual, encerrando o ano em 5,6%. Nota-se, entretanto, que, na comparação com a estimativa anterior (4,9%), divulgada em dezembro de 2022, houve revisão para cima, decorrente do desempenho menos favorável dos preços administrados e dos serviços. De modo similar, a projeção para o INPC para 2023 também foi revista, passando de 4,6% para 5,5%.

Tabela 5(1)

Tabela 8

Tabela 7

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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo Mello de Carvalho

O recuo de 0,2% do PIB na passagem entre o terceiro e o quarto trimestre do ano passado confirmou o cenário de arrefecimento do ritmo de expansão da atividade econômica, conforme já antecipado pelo desempenho dos indicadores setoriais com periodicidade mensal. De um modo geral, após os efeitos mais severos provocados pela crise sanitária da covid-19, as principais restrições ao crescimento da economia brasileira, antes associadas à oferta, vem se deslocando para a demanda. Na virada do ano, embora uma parte dos resultados verificados nos primeiros meses de 2023 indique a manutenção deste quadro, alguns fatores podem torná-lo menos pessimista. Com base nos últimos resultados disponíveis, a previsão da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Dimac/Ipea) é que o Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV), indicador que busca retratar o nível geral da atividade econômica brasileira em base mensal, permaneça praticamente estável na margem, com pequeno avanço de 0,1% ante o mês de dezembro. Com isso, o efeito de carry-over em relação ao resultado do primeiro trimestre de 2023 ficaria em 0,2%.

Tabela 2

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Análise e Projeções de Inflação

Por Maria Andréia P. Lameiras e Marcelo Lima de Moraes

Os dados mais recentes mostram que o processo de desinflação da economia brasileira vem se consolidando nos últimos meses. Após encerrar 2022 com alta de 5,8%, recuando fortemente em relação ao observado em 2021 (10,1%), a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) manteve sua trajetória de desaceleração de modo que, no acumulado em doze meses, até fevereiro de 2023, a taxa já era de 5,6%. Assim como ocorrido no primeiro bimestre de 2023, a expectativa para o restante do ano é de contínua desaceleração dos preços dos bens e serviços livres, conjugada a uma alta mais intensa dos preços administrados, impedindo, portanto, novos recuos da taxa de inflação. Dentro deste contexto, as projeções do Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea para o IPCA indicam que a inflação acumulada em 2023 deve manter-se no nível atual, encerrando o ano em 5,6%.

Nota-se, entretanto, que, na comparação com a estimativa anterior (4,9%), divulgada em dezembro de 2022, houve revisão para cima, decorrente do desempenho menos favorável dos preços administrados e dos serviços, especialmente os relativos à educação. No caso dos preços administrados, o aumento da previsão reflete, sobretudo, o impacto da reoneração dos combustíveis. Adicionalmente, os reajustes, acima do esperado, dos planos de saúde nos dois primeiros meses do ano sinalizam maior pressão deste serviço sobre os preços administrados em 2023, de forma que a projeção atual para a inflação deste segmento para o ano corrente é de 8,2%, ante a taxa projetada de 5,6%, em dezembro de 2022. Já em relação aos serviços livres, o reajuste das mensalidades escolares, ocorrido em fevereiro, em magnitude acima da estimada, fez com que a expectativa de inflação para os serviços educacionais saltasse de 5,7% para 8,5%, gerando, por conseguinte, um incremento na projeção de alta dos serviços totais, que avançou de 5,4% para 6,0%. Em contrapartida, o desempenho mais favorável dos alimentos no primeiro bimestre e a melhora das expectativas para a safra brasileira, em 2023, fizeram com que a inflação de alimentos esperada para o ano recuasse de 5,2% para 4,5%. No que diz respeito às demais categoriais, as previsões de 3,0% para os bens industriais e de 5,6% para os serviços livres exceto educação – ante as taxas projetadas de 3,2% e 5,4%, respectiva[1]mente – pouco se alteraram, tendo em vista que não houve mudanças significativas no cenário macroeconômico brasileiro no último trimestre. De modo similar, a projeção do grupo para o INPC para 2023 também foi revista, passando de 4,6% para 5,5%.

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Projeção do valor adicionado do setor agropecuário para 2023

Por Pedro M. Garcia e José Ronaldo de C. Souza Jr. 

Depois de uma queda da atividade econômica da agropecuária em 2022, o setor deve apresentar elevado crescimento neste ano. Esta Nota analisa o desempenho do setor agropecuário em 2022, em termos do valor adicionado (VA), e revisa a nossa previsão para o setor em 2023, com base nas novas estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) e nas Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais (PTA), do Leite e da Produção de Ovos de Galinha – todas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A previsão de crescimento de 11,6% do VA agropecuário em 2023, conforme divulgado na Nota de Conjuntura no 26 da Carta de Conjuntura no 57,1 foi mantida, embora tenha havido alterações na composição do crescimento por produtos.

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Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI) – janeiro de 2023

O Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI), calculado Ipea, apresentou taxa de variação de 0,51% em janeiro de 2023, situando-se 0,36 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa registrada no mês anterior. Na comparação com o mesmo mês de 2022, a variação foi 0,3 p.p. menor. Com a incorporação desse resultado, o ICTI acumula variação de 7,11% nos últimos doze meses.

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ICTI – Série Completa – janeiro de 2023 (xlsx)



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Inflação por faixa de renda – Fevereiro/2023

Por Maria Andréia P. Lameiras

De acordo com o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, em fevereiro de 2023 todas as classes de renda registraram aumento da taxa de inflação na comparação com o mês anterior. No entanto, esta aceleração inflacionária foi mais intensa para a faixa de renda alta, cuja taxa apontada em fevereiro foi de 1,05%, ante alta de 0,56% observada em janeiro. Na outra ponta, as famílias de renda muito baixa foram as que apresentaram a menor alta inflacionária, em fevereiro, com taxa de 0,69%. No acumulado em doze meses, até fevereiro, enquanto as famílias de renda média-baixa apresentaram a menor alta inflacionária (5,36%), o segmento de renda alta foi o que apontou a taxa mais elevada no período (7,03%). No caso das famílias com renda muito baixa, a alta da inflação nos últimos doze meses é de 5,86%.

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Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do quarto trimestre de 2022

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram aumento de 8,3% no quatro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, confirmando a recuperação da renda observada ao longo do ano. A renda média habitual real de R$ 2.808, registrada no quatro trimestre de 2022, aproxima-se dos níveis observados em dezembro de 2019, imediatamente anterior à pandemia. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em dezembro (R$ 2.856) foi 0,2% maior que o observado no mês anterior (R$2.851) e 2,6% maior que o registrado em setembro de 2022 (R$2.784). A renda efetiva também cresceu 9,4% na comparação interanual, mas ainda está 1% menor que a apontada no quarto trimestre de 2019.

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registrados no Centro-Oeste e no Norte, entre os trabalhadores jovens adultos (entre 25 e 39 anos) e com ensinos fundamental e médio incompletos. Nenhum grupo demográfico de trabalhador apresentou queda na renda, mas o crescimento foi menor para os que habitam no Nordeste, os adultos (entre 40 e 59 anos), aqueles com ensino fundamental completo e os chefes de família.

Na análise por tipo de vínculo, revela-se que a menor recuperação dos rendimentos no quarto trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com elevação da renda habitual e efetiva de 1,9% e 1,5% respectivamente. Os trabalhadores do setor privado com carteira apresentaram elevação da renda no quarto trimestre de 2022 (cerca de 6,2% da renda habitual). Por sua vez, foram os trabalhadores informais os que apresentaram o maior aumento da renda efetiva, com acréscimo de 12,3% para os trabalhadores por conta própria e de 12% para os sem carteira. Isso se reflete no comportamento da renda por setor de atividade: Os setores mais informais, mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram crescimento da renda (agricultura, transporte, construção, serviços pessoais e coletivos e alojamento e alimentação), ao passo que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde e indústria, apresentaram menor elevação da renda habitual ou efetiva.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. O segundo trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre. No último trimestre de 2022, observou-se uma estabilidade no índice da renda domiciliar e ligeira queda do índice da renda individual de 0,494 para 0,493.

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Comércio exterior do agronegócio: fevereiro de 2023

Por Ana Cecília Kreter, Diego Ferreira, Guilherme Bastos Filho, Antônio Florido e Jose Ronaldo Souza Jr.

O agronegócio brasileiro encerrou fevereiro de 2023 registrando superávit comercial de US$ 8,56 bilhões, compensando o déficit dos demais setores da economia (US$ 5,73 bilhões), e contribuindo para um resultado da balança comercial total positivo em US$ 2,83 bilhões (tabela 1). Apesar de positivo, o saldo do agronegócio apresentou mês passado queda de 7,3% ante o mesmo mês do ano anterior, resultado da queda de 5,7% nas exportações e da alta de 5,6% nas importações no mesmo período. Para os demais setores, a queda nas exportações em fevereiro foi mais expressiva que nas importações – 18,1% e 7,0%, respectivamente – e o saldo, que já havia sido negativo em 2022, apresentou nova queda este ano, fechando o mês 24,5% menor.

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No acumulado dos doze meses, o superávit comercial do agronegócio somou US$ 141,96 bilhões, valor 26,2% maior que em igual período dos doze meses anteriores, resultado de US$ 159,69 bilhões de exportações (crescimento de 24,9% ante igual período anterior) e US$ 17,73 bilhões de importações (crescimento de 15,6%). O déficit comercial apresentado pelos demais setores da economia no mesmo período, de US$ 79,90 bilhões, ficou mais acentuado em relação ao ano passado (queda de 66,1%), devido à expressiva alta do valor das importações (19,4%) em relação ao das exportações (5,8%). No total da economia, a balança comercial brasileira dos doze últimos meses acumula superávit de US$ 62,06 bilhões, valor abaixo do observado em igual período dos doze meses anteriores. O déficit dos demais setores da economia foi compensado parcialmente pelo aumento do superávit do agronegócio.

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Estimativa preliminar do resultado primário do governo central em fevereiro de 2023

Por Sergio Ferreira e Felipe Martins

De acordo com dados da execução orçamentária registrada no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal, os quais fornecem boa aproximação com os dados oficiais relativos ao resultado primário que será divulgado posteriormente pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN),  o mês de fevereiro de 2023 apresentou um déficit primário de R$ 41,6 bilhões nas contas do governo central. A receita líquida do governo central atingiu R$ 101,8 bilhões nesse mês, decréscimo em termos reais de 17,5% quando comparada com fevereiro de 2022, ao passo que a despesa totalizou R$ 143,5 bilhões, decréscimo de 1,1% na mesma base de comparação. No acumulado do ano até fevereiro, o superávit primário está em R$ 37,3 bilhões, em reais desse mês, contra um superávit de R$ 60,4 bilhões em igual período de 2022.
Tabela 1

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Desempenho do PIB no quarto trimestre de 2022

Por Leonardo Mello de Carvalho e Estêvão Kopschitz Xavier Bastos

O PIB recuou 0,2% no quarto trimestre de 2022, na comparação com o período anterior, já livre de efeitos sazonais, e 1,9% na comparação interanual, de acordo com o IBGE (gráfico 1). Com isso, o PIB encerrou 2022 com um crescimento acumulado de 2,9%, totalizando R$ 9,9 trilhões em valores correntes. Já o PIB per capita, por sua vez, chegou a R$ 46.155,00 em 2022, o que representou um aumento real de 2,2% sobre o resultado do ano anterior. Entre os componentes pelo lado da produção, o setor de serviços exerceu a maior contribuição positiva, sendo responsável por 2,4 p.p. do crescimento acumulado no ano. Já pela ótica da despesa, a maior contribuição veio do consumo das famílias, que adicionou 2,6 p.p. ao resultado. Em relação ao último trimestre de 2019, período imediatamente anterior ao início da crise causada pela pandemia de covid-19, o PIB encontra-se em patamar 4,1% superior. O recuo de 0,2% no quarto trimestre interrompeu uma sequência de cinco variações positivas na margem, e reflete a perda de fôlego observada em grande parte dos indicadores de atividade econômica ao longo dos últimos três meses de 2022. Além do fechamento no hiato das atividades mais afetadas pela crise sanitária, como o setor de serviços, provavelmente os efeitos da política monetária contracionista têm resultado em restrições na demanda interna. Com o resultado do quarto trimestre, o carry-over para 2023 ficou em 0,2% – ou seja, caso permaneça estagnado ao longo dos próximos quatro trimestres, o PIB fechará o ano com alta de 0,2%.

Gráficos 2 e 6

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