Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD contínua do quarto trimestre de 2021

Por Sandro S. de Carvalho

Os impactos iniciais da pandemia sobre o mercado de trabalho causaram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. No quarto trimestre de 2021, por sua vez, os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 10,7% em comparação com o mesmo trimestre de 2020, intensificando uma retração que havia se iniciado no trimestre terminado em abril. À medida que os trabalhadores informais e por conta própria foram retornando ao mercado de trabalho, o rendimento habitual médio foi se reduzindo, saindo de um pico de R$2.857 no trimestre móvel encerrado em julho de 2020 para R$ 2.447 no último trimestre de 2021. De certa forma, o arrefecimento do aumento da renda habitual indica o início de um retorno à normalidade do mercado de trabalho. Apesar de parte de tal movimento ser apenas o inverso (um ano depois) do observado no início da pandemia quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, a renda habitual encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia.

Após um pico observado no terceiro trimestre de 2020 causado pela saída de trabalhadores menos qualificados do mercado de trabalho no início da pandemia, a desigualdade de renda medida pelo índice de Gini tem recuado desde então, alcançando o valor de 0,490 no quarto trimestre de 2021 (contra 0,507 no terceiro trimestre de 2020). A queda da desigualdade tem ocorrido justamente por uma maior queda da desigualdade entre os trabalhadores do setor privado sem carteira.

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