Desempenho do PIB no terceiro trimestre de 2021

Por Leonardo Mello de Carvalho, José Ronaldo de C. Souza Júnior e Marco Antonio Cavalcante

O PIB recuou 0,1% no terceiro trimestre de 2021, na comparação com o trimestre anterior com ajuste sazonal, e teve alta de 4% na comparação interanual – de acordo com o IBGE. O resultado veio um pouco abaixo da previsão divulgada em setembro deste ano na nota Visão Geral da Carta de Conjuntura 52, que supunha altas de 4,6% na comparação interanual e de 0,2% na margem. O resultado do terceiro trimestre deixa o carry-over para 2021 em 4,9% – caso permaneça estagnado no último trimestre de 2021, o PIB fecharia o ano com alta de 4,9%. Já em relação a 2022, o carry-over ficou em -0,1%.

Em relação à ótica da produção, o setor de serviços foi o único a apresentar resultado positivo na comparação com o segundo trimestre, já descontados os efeitos sazonais. Refletindo o avanço da cobertura vacinal, que vem permitindo a normalização dos índices de mobilidade urbana, as atividades associadas aos serviços de transportes, comunicação e outras atividades foram alguns dos destaques positivos. A indústria de transformação, em contrapartida, permaneceu estagnada, ainda impactada negativamente pela ruptura da cadeia de fornecimento de insumos, pelo forte aumento dos custos de transporte e de energia elétrica. Nesse cenário, o único destaque positivo ficou por conta da atividade de construção, com alta de 3,9% na margem. O bom desempenho da atividade de serviços e do setor de construção civil ajuda a explicar a melhora na geração de empregos ao longo do terceiro trimestre.

Com relação às nossas previsões, revisadas em setembro último, a surpresa ficou por conta da agropecuária, que apresentou queda superior à esperada (-8% na margem, contra uma previsão de -0,1%). Essa queda é explicada por resultados negativos em segmentos importantes tanto na produção vegetal quanto na produção animal. Com base no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do segundo ao sexto produto de maior importância no valor adicionado da produção vegetal, são esperadas quedas acentuadas na produção, em ordem de importância: milho (-16,0%); cana-de-açúcar (-7,6%); café (-22,4%); algodão (-17,5%); e laranja (-13,8%). No caso da produção animal, foram observadas quedas nos dois produtos de maior importância: bovinos e leite.

Pela ótica da despesa, por sua vez, o destaque ficou por conta do consumo das famílias, que registrou alta de 0,9% na comparação dessazonalizada, recuperando-se da queda observada no primeiro trimestre. A formação bruta de capital fixo (FBCF), por sua vez, permaneceu praticamente estável no terceiro trimestre, com pequeno recuo de 0,1% na margem. Na comparação interanual, todavia, os investimentos cresceram 18,8% sobre o terceiro trimestre do ano passado, resultado explicado pelo bom desempenho de todos os seus componentes. Esse crescimento levou a taxa de investimento a passar de 16,4% para 19,4% no período. Por fim, as exportações líquidas contribuíram negativamente no resultado interanual do terceiro trimestre, refletindo um crescimento da absorção doméstica (6,2%) acima do registrado pelo PIB.

Gráfico

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