Setor externo: bons ventos até aqui, mas pode haver turbulências no caminho

Por Andreza Aparecida Palma

A balança comercial tem registrado sucessivos superavit mesmo com a retomada das importações. No acumulado do ano até setembro, a balança comercial registrou saldo de US$ 56,4 bilhões. A conta de transações correntes do balanço de pagamentos tem apresentado redução no deficit (acumulado do ano soma deficit de US$ 8,1 bilhões, correspondendo a 0,68% do PIB) e há retomada do ingresso de investimentos, especialmente investimentos em carteira. Esse cenário foi possível devido a fatores como: manutenção da alta no preço das commodities, diminuição de viagens internacionais, recuperação global da economia, alta na taxa de juros e câmbio desvalorizado.

Em relação ao câmbio, mesmo com a melhora dos fundamentos, a taxa R$/US$ mantém-se consistentemente acima de R$ 5,00/US$ devido às incertezas em relação a este ano e principalmente ao próximo. Apesar da melhora dos dados da pandemia, ainda permanecem as incertezas em relação à economia mundial. Há uma preocupação especial sobre a trajetória da China, notadamente devido ao anúncio recente da incorporadora Evergrande, de que poderia não pagar suas dívidas, além da crise energética enfrentada pelo país devido principalmente aos baixos estoques de carvão. Quanto ao problema recente com a interrupção das exportações brasileiras de carne bovina para a China, que já dura mais de 45 dias, espera-se que se resolva nas próximas semanas. Há incertezas internas também em relação à continuidade da consolidação fiscal. Somado a isso, há dúvidas a respeito da política monetária dos Estados Unidos, que deve sofrer alterações devido à dinâmica do hiato do produto e da inflação. A alta global nos preços de energia também é um fator de preocupação.

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