Por Estêvão Kopschitz Xavier Bastos
Este Boletim apresenta uma compilação de expectativas para diversas variáveis econômicas, coletadas de diferentes fontes. O quadro que emerge é o de uma economia que sairá da crise da Covid-19 com as seguintes características: i) a taxa de crescimento do PIB volta, a partir de 2022, ao que era anteriormente previsto, isto é, 2,5% ao ano, mas a redução no volume do PIB é duradoura: em 2022 e 2023, o PIB será cerca de 6,5% menor do que sem a recessão da Covid-19; ii) a despesa do governo central volta ao que era esperado a partir de 2021: esse movimento ocorre após o forte crescimento de 2020 associado aos gastos com a pandemia, indicando que o mercado acredita tratar-se de um aumento apenas temporário das despesas; iii) mas a receita, a exemplo do PIB, fica abaixo do que se previa antes, e a dívida pública em porcentagem do PIB tem forte elevação em 2020, passando a crescer mais lentamente a partir do ano que vem; iv) as despesas com juros da dívida ficam 1 ponto percentual (p.p.) do PIB menores do que as previsões pré-Covid-19, por ano, de 2020 a 2022; v) após fechar 2020 em R$ 5,20/US$, o real se valoriza nos anos seguintes, tendendo a R$ 4,80/US$; vi) no balanço de pagamentos, o deficit em conta corrente e o investimento direto no país seguem trajetórias compatíveis com a série histórica recente e o investimento compensa com folga o deficit; vii) na estrutura a termo da taxa de juros, as taxas de prazos mais curtos – até cinco anos – continuam baixas e refletindo as expectativas para a Selic, mas as de prazos mais longos – seis a dez anos – parecem refletir incertezas quanto ao futuro inerentes a um momento de crise local e global; e viii) a elevação da inflação em 2020 não contaminou as expectativas para 2021, tanto na inflação ao consumidor quanto no atacado: o IPCA esperado para 2020 passou de 1,7% em meados de agosto para 2,0% em 18 de setembro, mas a taxa esperada para o ano que vem permaneceu em 3%; e a expectativa para o IPA-DI em 2020 passou de cerca de 5% em maio para 19% em setembro, mas a inflação no atacado esperada para 2021 permaneceu estável em cerca de 4%.