Arquivos mensais: agosto 2020

PNAD COVID-19 – Divulgação de 28/8/2020 – Principais destaques

Por Maria Andreia Parente Lameiras, Marco Antônio F. de H. Cavalcanti e Lauro Ramos

Os indicadores do mercado de trabalho referentes à semana de 2 a 8 de agosto da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – 13a semana da pesquisa –, apresentaram uma relativa estabilidade em comparação com as semanas anteriores. O mercado de trabalho continuou a caracterizar-se por baixos níveis de ocupação e participação na força de trabalho e elevada taxa de desocupação, resultantes do significativo choque adverso causado pela pandemia de SARS-CoV-2. É certo que os efeitos diretos da pandemia sobre o mercado de trabalho continuam a arrefecer gradualmente, conforme sinalizado, até certo ponto, pela tendência de diminuição do número de pessoas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social e pela redução, na margem, do contingente de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego por conta da pandemia. Contudo, mesmo que a evolução da Covid-19 permita a continuidade do processo de retorno gradual a algum tipo de normalidade no funcionamento das atividades econômicas no Brasil, os efeitos adversos da crise no mercado de trabalho tendem a persistir durante algum tempo. Em particular, é razoável imaginar que, nos próximos meses, a taxa de desocupação se mantenha em um patamar elevado, podendo até vir a oscilar para cima, pressionada pelo movimento de retorno à força de trabalho de uma parcela de trabalhadores que, amparada pelo recebimento do auxílio emergencial, deixou de procurar emprego por conta da crise e do distanciamento social.

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Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de julho

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os impactos da pandemia sobre os rendimentos de julho podem ainda ser medidos pelas diferenças entre a renda média efetivamente recebida e a renda média habitualmente recebida. A análise dos microdados da PNAD Covid-19 de julho revela que os rendimentos médios habitualmente recebidos foram de R$ 2.377, enquanto os efetivamente recebidos foram de R$ 2.070, ou seja, 87% dos rendimentos habituais, valor 4 pontos percentuais (p.p.) acima do mês anterior. Os trabalhadores por conta própria receberam efetivamente apenas 72% do que habitualmente recebiam (contra 63% em junho), tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado apenas R$ 1.376. Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam efetivamente 85% do habitual. Trabalhadores do setor privado com carteira e funcionários públicos, por sua vez, receberam efetivamente em média acima de 90% do habitual.

Os dados mostram também que 6,5% dos domicílios (cerca de 4,4 milhões) sobreviveram apenas com os rendimentos recebidos do auxílio emergencial (AE), mesma proporção que em junho. Além disso, em média, após considerar o AE, a renda domiciliar ultrapassou em 1% a que seria caso houvesse recebido rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto foi maior entre os domicílios de renda baixa, em que, após o AE, os rendimentos atingiram 124% do que seriam com as rendas habituais.

Os microdados da PNAD Covid-19 de julho nos permitem avaliar que o AE foi suficiente para superar em 16% a perda da massa salarial entre os que permaneceram ocupados, um acréscimo de 31 p.p. em relação ao mês anterior. Os dados da PNAD Covid-19 de julho são claros em mostrar, seja analisando por faixa de renda ou por região, que o papel do AE na compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi proporcionalmente maior que no mês anterior, principalmente nos domicílios de baixa renda. Isto se deve tanto pelos maiores desembolsos do
auxílio em julho quanto, principalmente, pelas diferenças entre as rendas efetivas e habituais, que começaram a diminuir de forma mais acentuada entre aqueles que foram mais atingidos.

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Consolidação fiscal, taxa de juros de longo prazo e PIB no Brasil: Resultados preliminares

Por Marco A.F.H. Cavalcanti

O descontrole das contas públicas tem sido uma característica marcante de grande parte da história republicana brasileira. Mais recentemente, a deterioração fiscal esteve na raiz da recessão de 2014-2016 e tem sido um dos principais fatores responsáveis pela dificuldade de retomar o crescimento a taxas mais altas desde então. Nos últimos anos, o país vem buscando reformar e fortalecer o arcabouço de instituições e regras fiscais visando conter o crescimento das despesas correntes e recuperar o equilíbrio das contas públicas. A pandemia do novo coronavírus forçou a interrupção temporária desse processo; mas, uma vez que o pior da crise sanitária tenha passado e a economia tenha voltado a operar dentro de algum grau de “normalidade”, será necessário retomar o esforço de consolidação fiscal. Esta Nota Técnica discute alguns dos benefícios de longo prazo que esse processo poderia trazer para o país, além de apresentar uma análise inicial dos impactos que as medidas adotadas até o início da pandemia – em particular, o estabelecimento do teto de gastos para as despesas primárias da União e a aprovação recente da reforma do sistema previdenciário – já vinham produzindo sobre a economia. Evidentemente, dado que o processo de consolidação fiscal ainda encontra-se em andamento e vem sendo implementado em meio a várias outras medidas e choques, a investigação de seus impactos econômicos está sujeita a grande dificuldade e incerteza. Os resultados aqui apresentados devem ser vistos, portanto, como preliminares. Ainda assim, as evidências desta Nota sugerem que as medidas de consolidação fiscal estrutural no Brasil já vinham gerando impactos estatística e economicamente significativos no sentido de reduzir as taxas de juros de longo prazo e elevar o nível de produto agregado.

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Economia agrícola

A previsão da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea para o PIB do setor agropecuário é de crescimento de 1,5% em 2020, considerando o prognóstico de safra do IBGE. Esta Carta de Conjuntura conta ainda com a primeira projeção do PIB agropecuário para 2021 (3,2%), calculada a partir do prognóstico de safra 2020-2021 da Conab.

A análise do comércio exterior da cadeia do agronegócio mostra que as exporta- ções brasileiras de janeiro a julho cresceram 11% (em valor) em comparação com o mesmo período do ano anterior. Carne suína, açúcar, soja e carne bovina foram os produtos de maior destaque. Quanto às importações brasileiras de produtos do agronegócio, os dez principais produtos de importação apresentaram queda de 9% diante de 2019. A queda foi puxada pelo salmão, pelo malte e pelo alho, com reduções de 35%, 15% e 13%, respectivamente, no valor importado.

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A queda recente das taxas de ocupação e participação no mercado de trabalho e sua dinâmica

Por Carlos H. Corseuil, Maíra Franca e Lauro Ramos

Os dados mais recentes da PNAD Contínua, do IBGE, revelam os efeitos das medidas de enfrentamento da pandemia sobre o funcionamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego/desocupação chegou a 13,3% no segundo trimestre de 2020, contra 12,4% no mesmo período do ano passado e 11,6% no primeiro trimestre do ano corrente. Em que pese ser uma elevação não desprezível, ela não retrata fielmente o impacto negativo das medidas pois, por tratar-se de um indicador sintético que reflete o comportamento conjunto da oferta e da demanda, ela tende a atenuar as mazelas/sucessos do mercado quando essas duas dimensões flutuam na mesma direção.

Este texto se propõe a analisar mais detidamente esses movimentos em duas se- ções. Na primeira seção, recorremos aos dados agregados da PNAD Contínua de 2012 a 2020 para contemplar os movimentos numa perspectiva integrada por meio de diagramas de fase. Na segunda seção, analisamos os fluxos de entrada e saída dos trabalhadores na ocupação e na inatividade com intuito de identificar possíveis determinantes para a queda da ocupação e da participação. Para essa tarefa, combinamos dados da PNAD Contínua de 2019 com dados da PNAD Covid-19 de maio de 2020.

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PNAD COVID-19 – Divulgação de 14/8/2020 – Principais destaques

Por Maria Andreia Parente Lameiras e Marco Antônio F. de H. Cavalcanti

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19 referente à semana de 19 a 25 de julho, a maioria dos indicadores do mercado de trabalho mostrou relativa estabilidade em comparação com a semana anterior. Na média do mês de julho, o quadro geral do mercado de trabalho apresentou deterioração em relação a junho.

A taxa de desocupação atingiu 13,7% na semana de referência, maior nível observado na pesquisa até o momento. Na média de julho, a taxa foi de 13,1%, acima do observado em maio (10,7%) e junho (12,4%).

O nível da ocupação apresentou estabilidade em relação às semanas anteriores, situando-
se em 47,7% e fechando a média de julho em 47,9% – nível inferior ao registrado em maio (49,7%) e junho (49%).

A taxa de participação na força de trabalho foi de 55,3%, mantendo-se estável em relação à semana anterior (55,2%). Após ter aumentado entre maio (55,6%) e junho (56%), a taxa de participação voltou a cair na média do mês, atingindo 55,1% em
julho.

Entre as pessoas não ocupadas que não procuraram emprego, mas afirmaram que gostariam de trabalhar, a parcela que não procurou trabalho por conta da pandemia foi de 66,1%, pouco abaixo do valor registrado na semana anterior (66,4%).Essa proporção, que havia caído de 70,1% para 66,7% entre maio e junho, mostrou pequeno aumento em julho (67%).

O número de pessoas ocupadas, mas temporariamente afastadas do trabalho devido ao distanciamento social, continuou em queda. Esse número, que foi, em média, 15,8 milhões em maio (18,7% do total de pessoas ocupadas) e 11,8 milhões em junho (14,2% do total), caiu para 5,8 milhões na semana de referência e atingiu, na média de julho, 6,8 milhões de pessoas (8,4% do total de ocupados).

Dentro do total das pessoas ocupadas e não afastadas do trabalho, a parcela de pes¬soas que trabalharam de forma remota foi de 11,5%. Essa proporção vem caindo lentamente desde o início da pesquisa, tendo passado de 13,3% na média de maio para 12,7% e 11,7% em junho e julho, respectivamente. Nas últimas três semanas, contudo, essa proporção tem se mostrado relativamente estável.

O número de pessoas ocupadas trabalhando presencialmente atingiu 64 milhões, levando a média de julho a 63,3 milhões e continuando a trajetória de elevação em relação a maio (56,7 milhões) e junho (60 milhões).

A taxa de informalidade das pessoas ocupadas foi de 33,5%, mantendo-se estável em relação à média do mês de julho (33,6%) e abaixo das médias de maio e junho (34,7%).

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Inflação por faixa de renda – Julho/2020

Por Maria Andreia Parente Lameiras

Pelo segundo mês consecutivo, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontou, em julho, uma aceleração inflacionária na margem para todas as classes de renda pesquisadas (tabela 1).1 De modo semelhante, na desagregação pelos segmentos de renda, observa-se a manutenção do padrão evidenciado nos últimos meses, marcado por uma alta mais intensa para as famílias de menor poder aquisi- tivo (0,38%), relativamente às de renda mais alta (0,27%). Em julho, embora ainda se verifique alguma pressão vinda dos alimentos no domícilio, especialmente dos das carnes (3,7%) e de leites e derivados (3,8%), o grupo habitação se constituiu no principal foco inflacionário para as camadas mais pobres da população. Os re- ajustes de 2,6% da tarifa de energia elétrica e de 0,53% dos aluguéis, geraram uma contribuição de 0,19 ponto percentual (p.p.) para o grupo habitação, respondendo por 50% da variação total da inflação desse segmento de renda (tabela 2). Ainda que em menor escala, a alta do grupo transportes – repercutindo o aumento de 3,1% dos combustíveis e de 0,94% das tarifas de metrô – também ajuda a explicar o quadro inflacionário para a faixa de renda mais baixa.

Para a classe de renda mais alta, o peso dos combustíveis na sua cesta de consumo fez com que o impacto de 0,17 p.p. do grupo transporte explicasse quase 65% de toda a inflação registrada por esse segmento. Deve-se ressaltar, no entanto, que estsa contribuição originada pelos transportes sobre a inflação das famílias mais ricas foi, em parte, aliviada pela queda nos preços das passagens aéreas (-4,2%) e do transporte por aplicativo (-8,2%). Nota-se ainda que, em julho, o padrão de consumo diferenciado entre as famílias ajuda a explicar a discrepância entre as taxas de inflação para as faixas de renda extremas, dado que o comportamento dos itens que compõem o grupo despesas pessoais originou um impacto comple- tamente distinto entre as camadas da população. Enquanto as deflações dos itens empregada doméstica (-0,52%), clube (-1,46%) e hospedagem (-0,95%) geraram uma contribuição negativa de 0,06 p.p. para a inflação da faixa de renda mais alta, o reajuste de 1,3% nos preços dos cigarros propiciou uma contribuição positiva de 0,01 p.p. para o segmento de renda mais baixa.

Gráficos 1 e 2_jul20 Tabela 1 _jul20

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Crédito e Juros

Por Estêvão Kopschitz Xavier Bastos

Este texto apresenta o comportamento recente dos segmentos mais representativos em novas concessões de crédito, do resultados dos saldos, do endividamento, do comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida, da inadimplência e das taxas de juros, procurando identificar as alterações devidas aos impactos econômicos da pandemia.

Crédito - CC48 14-08

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Setor externo

Por Marcelo José Braga Nonnenberg

A taxa efetiva real de câmbio (TERC) sofreu uma desvalorização menor que a observada na taxa nominal. Entre junho do ano passado e junho deste ano, enquanto a taxa de câmbio nominal real/dólar desvalorizou-se 34%, a TERC ponderada pelas exportações e pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), por exemplo, sofreu uma desvalorização de 29%.

As exportações, em julho, registraram US$ 19,6 bilhões, ao mesmo tempo que as importações foram de US$ 11,5 bilhões, com um superavit de US$ 8,1 bilhões. Em termos dessazonalizados, este foi o maior já registrado, ao menos com base na nova série que se inicia em 1997. A razão desse grande superavit é uma queda relativamente modesta das exportações, sempre corrigidas as variações sazonais, enquanto as importações continuam a cair fortemente.

Os preços de exportação começaram a cair em março e caíram mais intensamente em maio. Mas, na verdade, eles já vêm em tendência de queda desde meados do ano passado. Em contrapartida, as quantidades de exportação mantiveram-se relativamente estáveis nos três últimos meses, uma combinação de alguma elevação nos básicos e nos semimanufaturados e uma queda acumulada nos manufaturados. As quantidades importadas tiveram uma queda muito acentuada em junho, causada em grande parte pela redução das quantidades de bens intermediários.

Os efeitos econômicos da pandemia da Covid-19 sobre a economia mundial e brasileira se traduziram em grandes modificações na estrutura do balanço de pagamentos do Brasil entre os primeiros semestres de 2019 e 2020. O deficit de transações correntes, como proporção do produto interno bruto (PIB), caiu de 2,3% para 1,4%. A redução tanto das exportações quanto das importações de bens resultou numa queda do superavit comercial. Simultaneamente, o deficit da conta de serviços também se reduziu, o mesmo acontecendo com a renda primária. Pelo lado da conta financeira, o ingresso líquido de recursos, excluída a variação de reservas, caiu US$ 17 bilhões para US$ 8,1 bilhões, uma variação de US$ 25,1 bilhões.

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Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI) – junho de 2020

O Índice de Custo da Tecnologia da Informação (ICTI), calculado pelo Ipea, apresentou variação de 0,33% em junho de 2020, situando-se 0,7 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada no mês anterior. Na comparação com junho de 2019, entretanto, o índice apontou um recuo de 0,23 p.p.

Após a incorporação desse resultado, nos últimos doze meses, o ICTI acumula alta de 5,36%, atingindo patamar superior ao registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), porém abaixo tanto do Índice de Preços por Atacado segundo Estágios de Processamento (IPA-EP) quanto do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), ambos da Fundação Getulio Vargas (FGV), como mostra a tabela 1.

Tabela 1 - jun20

Na desagregação pelos oito grupos de serviços que compõem o ICTI, observa-se que, no acumulado em doze meses, os maiores impactos ao índice vieram dos segmentos pessoal e demais despesas operacionais, cuja contribuição conjunta de 3,69 p.p. respondeu por 69% da variação total apontada pelo indicador.

Tabela 2 - jun20

Acesse aqui a planilha com a série histórica do indicador



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