Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de junho

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os impactos da pandemia sobre os rendimentos no mês de junho ainda podem ser medidos pelas diferenças entre a renda média efetivamente recebida e a renda média habitualmente recebida. A análise dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19 de junho revela que os rendimentos médios habitualmente recebidos foram R$ 2.332, enquanto os rendimentos médios efetivamente recebidos foram R$ 1.939, ou seja, somente 83% dos rendimentos habituais, valor apenas 1 ponto percentual acima do mês anterior. Os trabalhadores por conta própria receberam efetivamente apenas 63,4% do que habitualmente recebiam, tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado apenas R$ 1.164. Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam efetivamente 79,1% do habitual. Por sua vez, trabalhadores do setor privado com carteira e funcionários públicos receberam efetivamente em média acima de 90% do habitual.

De modo geral, seja por região, Unidade da Federação, posição na ocupação ou grupos demográficos, as diferenças entre a renda efetiva e a habitual foram menores que no mês de maio, contudo, apresentaram-se ainda bastante amplas em muitos casos.
Os dados mostram também que 6,6% dos domicílios (cerca de 4,5 milhões) sobreviveram apenas com os rendimentos recebidos do auxílio emergencial (AE), 1 milhão de domicílios a mais que em maio. Além disso, em média, após o considerar o AE, a renda domiciliar alcançou 98% do que seria caso houvesse recebido rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto foi maior entre os domicílios de renda baixa, onde, após o AE, os rendimentos atingiram 109% do que seriam com as rendas habituais.

Os microdados da PNAD Covid-19 de junho nos permitem avaliar que o AE foi suficiente para compensar 84% da perda da massa salarial entre os que permaneceram ocupados, um acréscimo de 17 pontos percentuais em relação ao mês de maio. Os dados da pesquisa são claros em mostrar, seja analisando por faixa de renda ou por região, que o papel do AE na compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi ainda mais importante do que no mês anterior, principalmente nos domicílios de baixa renda. Isto se deve tanto por causa de maiores desembolsos do auxílio em junho, quanto porque as diferenças entre as rendas efetivas e habituais foram menores.

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