Por Maria Andréia Parente Lameiras, Sandro Sacchet de Carvalho, Carlos Henrique L. Corseuil e Lauro R. A. Ramos
Embora os dados recentes consolidem um cenário de leve expansão da ocupação e da renda, o mercado de trabalho brasileiro ainda registra uma trajetória de recuperação moderada. A lenta desaceleração da taxa de desocupação, aliada à manutenção do desalento e da subocupação em patamares elevados, sinaliza a necessidade de uma aceleração mais forte do nível de atividade para que seja possível uma melhora significativa no cenário de emprego no país, como mostram os dados Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
Em contrapartida, os dados mais recentes do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, já apontam um ambiente mais favorável, marcado por uma geração de mais de 790 mil novas vagas com carteira assinada de janeiro a outubro de 2018. Esse processo de criação de postos de trabalho formais, no entanto, vem ocorrendo de modo diferenciado entre os setores. De fato, nos últimos doze meses, encerrados em outubro, o setor de serviços foi o responsável por 88% de todas as vagas criadas, com destaque para os segmentos “administração de imóveis e valores, serviços mobiliários e técnicos” e “serviços médicos, odontológicos e veterinários”, que, juntos, geraram 81% de todas as vagas do setor. No entanto, a indústria de transformação vem perdendo dinamismo, influenciada, sobretudo, pelo desempenho do subgrupo “têxtil, vestuário e calçados”, com uma destruição de 37 mil postos de trabalho entre novembro de 2017 e outubro de 2018. Ressalta-se ainda o bom comportamento da construção civil, que gerou quase 71 mil vagas de trabalho de janeiro a outubro de 2018, mostrando uma forte recuperação quando comparada ao mesmo período de 2017, quando foram fechados 40 mil postos de trabalho.