Economia Mundial

Carta de Conjuntura nº 38

Por Paulo Mansur Levy

Após vários anos de instabilidade e baixo crescimento, a economia internacional encontra-se em um período de expansão sincronizada dos principais países, associada a taxas de inflação ainda bastante baixas. Até mesmo os fortes desequilíbrios em conta corrente no balanço de pagamentos, que caracterizaram o período anterior à eclosão da crise financeira internacional, parecem ter ficado para trás. Não obstante esse contexto favorável, o início de fevereiro marcou também o ressurgimento da volatilidade financeira, com fortes variações de preços de ativos em decorrência da expectativa de um ritmo mais acelerado que o esperado na normalização das condições monetárias nos EUA e, em menor grau, na Área do Euro (AE). Essa mudança, por seu turno, seria resultado da própria percepção de que o crescimento deve pressionar a inflação em algum momento no futuro próximo. Esse surto de instabilidade dissipou-se rapidamente, mas deixou um rastro de preocupação sobre os riscos à frente.

Outra fonte de preocupação são os desdobramentos da decisão dos EUA de sobretaxar importações de aço e alumínio. O comércio internacional voltou a crescer em 2007 a uma taxa superior à da economia mundial. Apenas as sobretaxas impostas pelos EUA às importações desses produtos específicos não parece capaz de desviar a economia mundial da atual trajetória de recuperação, mas o risco de uma guerra comercial pode desestabilizar os mercados na medida em que ela afete as percepções quanto à continuidade do atual momento do crescimento.

Uma das características mais marcantes da economia mundial do período recente é a inflação baixa. No caso dos EUA, isso é ainda mais surpreendente diante do mercado de trabalho aquecido e – fator comum a todas as economias – da elevação relativamente forte do preço do petróleo no mercado internacional (o preço do petróleo no mercado internacional aumentou 60% entre junho de 2017 e janeiro de 2018). No entanto, o fenômeno é global, e suas causas ainda são objeto de intenso debate: a ausência de pressões sobre o preço dos alimentos tem algum papel, mas mudanças estruturais associadas à relação entre mercado de trabalho e inflação (o “achatamento” da curva de Phillips), ou à dinâmica do comércio internacional e à ampliação das cadeias globais de valor, que tem reduzido custos de produção e barateado os bens em todo mundo, são algumas das hipóteses levantadas para explicar o fenômeno.

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