Carta de Conjuntura nº 35
Por Leonardo Mello de Carvalho
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) interrompeu uma sequência de oito trimestres de retração, avançando 1% na comparação entre o último trimestre do ano passado e o primeiro de 2017. Embora ainda seja prematuro afiançar que a recessão já tenha chegado ao fim, este resultado corrobora a visão de que o pior da crise já passou e que a economia caminha para uma trajetória de recuperação gradual. A melhora nos fundamentos macroeconômicos, traduzida em um cenário com inflação controlada e estoques ajustados, segue permitindo a flexibilização da política monetária, contribuindo para a melhora nos níveis de confiança dos agentes.
Embora positivos, os resultados refletem um cenário ainda frágil, afetado negativamente pelas adversidades presentes no mercado de trabalho e, mais recentemente, pelo aumento de incerteza política. Corroborando este diagnóstico, o bom desempenho do PIB nos primeiros três meses de 2017 não foi observado em nenhum de seus principais componentes pelo lado da demanda. Todo o crescimento da produção, advindo do ótimo desempenho da agropecuária e de um início de recuperação da indústria, transformou-se em acúmulo de estoques e exportações. Um fator determinante para o desempenho esperado para os próximos trimestres continua sendo que a aprovação de reformas constitucionais melhore o ambiente macroeconômico.