Inflação

Carta de Conjuntura Nº 33

Por Maria Andréia Parente Lameiras

Após iniciar o ano de 2016 com uma taxa acumulada em 12 meses próxima a 11%, a inflação mostrou sinais moderados de arrefecimento até meados do terceiro trimestre. Com a reversão da forte tendência de alta dos preços dos alimentos, a partir de setembro deste ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) iniciou uma trajetória de desaceleração mais intensa, de modo que, a variação acumulada em 12 meses já havia caído para 7% em novembro. Na margem, esta desaceleração dos preços ao consumidor voltou a se intensificar. De acordo com os dados do IPCA-15 de dezembro, a inflação brasileira registou alta de 0,19%, recuando praticamente 1,0 p.p. em relação ao observado no mesmo mês de 2015 (1,18%). Assim como vem ocorrendo ao longo do último trimestre, o maior alívio veio do grupo alimentação:  sozinho contribuiu com -0,05 p.p., refletindo a queda da alimentação no domicílio, com deflação de 0,45%.

Para o próximo ano, a expectativa é de continuada desaceleração da inflação, gerando uma convergência mais rápida para algum valor próximo da meta de 4,5% – o que seria possibilitado por uma queda mais expressiva dos preços livres, em especial dos alimentos e dos serviços.

No caso dos alimentos, as boas projeções de safra tanto no país quanto no resto do mundo e a baixa probabilidade da ocorrência de fenômenos climáticos, que poderiam prejudicar a produção agrícola, devem manter os preços das commodities agrícolas bem comportados, dando continuidade à trajetória de queda de preços já em curso desde o último trimestre de 2016.

Em relação aos demais preços livres, o que deverá puxar a desaceleração inflacionária é a lenta retomada prevista para a atividade econômica e seus efeitos sobre o mercado de trabalho. Adicionalmente, a baixa confiança dos consumidores, aliada ao forte endividamento das famílias e ao menor reajuste do salário mínimo, deve manter a demanda doméstica contraída, facilitando o recuo da inflação dos bens e serviços livres mesmo em um ambiente de redução das taxas de juros. Por fim, a recuperação da confiança na atuação do Banco Central, no que tange ao cumprimento da meta de inflação, vem desencadeando um movimento de ancoragem das expectativas e ajudando o processo desinflacionário brasileiro.

Os riscos para a consolidação desse quadro são baixos, porém existentes, e estão, basicamente, conectados ao mercado externo. Pode ocorrer alguma desvalorização cambial decorrente de medidas adotadas pelo novo governo norte-americano, com impacto nos preços comercializáveis. Além disso, o recente acordo entre os produtores de petróleo pode gerar uma alta nos preços domésticos dos combustíveis, cuja regra de reajuste passou a refletir as cotações internacionais.

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