Por Leonardo Mello de Carvalho
O Indicador Ipea mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aponta uma contração de 2,8% entre os meses de julho e agosto de 2016, na série com ajuste sazonal. Este é o segundo recuo consecutivo do indicador mensal de investimentos, devolvendo parte do forte crescimento verificado em junho, quando o indicador registrou alta de 8,2%. De acordo com a média móvel trimestral do índice, que possibilita uma análise menos volátil, os investimentos contraíram 0,4% no trimestre móvel terminado em agosto (na comparação com o trimestre móvel anterior), resultado que sucedeu aumentos 2,5% e 0,3% nos trimestres móveis terminados em junho e julho, respectivamente (ver gráfico). O carry-over para o terceiro trimestre ficou negativo em 3,1%, ou seja, se o FCBF de setembro apresentar um crescimento nulo na margem, a variação do terceiro trimestre (em relação ao segundo trimestre) seria negativa em 3,1% – na comparação com ajuste sazonal. Apesar deste resultado, o indicador acumula crescimento de 1,4% na comparação entre agosto e janeiro de 2016.
A queda em agosto foi resultado do mau desempenho de seus dois componentes. Enquanto o consumo aparente de máquinas e equipamentos (CAME) – que corresponde à produção industrial doméstica acrescida das importações e diminuída das exportações – apresentou recuo de 2,5%, o indicador de construção civil retraiu-se pelo terceiro mês consecutivo em 3,8% frente ao período anterior, ainda na comparação com ajuste sazonal. No ano, esta atividade já cumula uma perda de 5,1%.
Entre os componentes do CAME, a produção doméstica de bens de capital, medida na Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do IBGE, avançou 0,4% em agosto, após apresentar forte redução no período anterior, quando recuou 2,1% na comparação dessazonalizada. Pelo lado do comércio exterior, enquanto as exportações caíram 0,7%, o volume de importações de bens de capital foi o grande destaque negativo do resultado de agosto, registrando forte queda de 14,6%.