Atividade Econômica

Carta de Conjuntura nº 32

 Por Leonardo Mello de Carvalho

O ciclo recessivo que atinge a economia brasileira desde o segundo trimestre de 2014 ainda persiste. Apesar disso, a trajetória recente dos indicadores de atividade econômica sugere que o pior momento da crise já foi superado. De um modo geral, é possível verificar uma desaceleração no ritmo de queda, enquanto alguns setores já apresentam desempenho positivo em 2016, como é o caso da produção industrial e dos investimentos. Porém, com base nas informações referentes aos primeiros meses do terceiro trimestre, ainda não é possível antecipar o final da crise, mas a economia segue caminhando para a estabilização. Essa melhora no cenário econômico tem se refletido na recuperação dos indicadores de confiança, embora a situação ainda frágil do mercado de trabalho aponte para um processo bastante gradual.

 Em relação às perspectivas para o terceiro trimestre, o Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aponta um recuo nos investimentos de 10% entre os meses de junho e julho de 2016, na comparação com ajuste sazonal. Essa queda prevista devolveria parte do crescimento verificado em junho (12,3%), mas não altera a percepção de melhora no cenário relativo aos investimentos. Olhando para o índice da média móvel trimestral, que possibilita uma análise mais estável, os investimentos contraíram 0,5% no mês de julho, resultado que sucedeu uma expansão de 4% no período anterior. Já o Indicador Ipea de Produção Industrial estima um recuo de 2,1% em agosto, frente o mês anterior, na série dessazonalizada. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a queda teria sido de 3,8%.

 Os dados referentes ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2016, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao final de agosto, revelam uma economia ainda em recessão. A queda de 0,6% na comparação com o primeiro trimestre, já descontados os efeitos sazonais, representou a sexta variação negativa consecutiva nesta base de comparação. Este resultado deixa um carregamento estatístico (carry-over) de -3,1% para 2016, ou seja, caso apresente variação nula nos dois próximos trimestres, o PIB apresentará, ao final do ano, queda de 3,1% na comparação com 2015. Embora o fim do ciclo recessivo ainda não tenha sido registrado nesses dados do segundo trimestre, há diversos elementos que indicam que o pior da crise já passou. Apesar do recuo do PIB no segundo trimestre, o ritmo de queda nos dois primeiros trimestres de 2016, em termos anualizados, ficou em -2%, bastante inferior àquele apresentado ao longo de 2015, quando o PIB caiu a uma taxa média anual de -5,9%.

Conforme apontado na última edição da Carta de Conjuntura, os indícios de estabilização do nível de atividade econômica têm se mostrado mais acentuados nos setores ligados à produção industrial. Se, num primeiro momento, essa melhora estava concentrada nos setores onde a atividade exportadora possui papel relevante, já é possível notar uma maior disseminação do crescimento. Após cinco resultados negativos em sequência, o setor industrial voltou a crescer, registrando alta de 0,3% no segundo trimestre. Além do impulso vindo do comércio exterior, os demais setores que compõem a indústria de transformação vêm sendo positivamente afetados por outros fatores, como, por exemplo, a evolução do ajuste de estoques e um ainda modesto processo de substituição de importações. Refletindo esse início de recuperação, os indicadores de confiança dos empresários e das famílias seguem melhorando, com destaque também para o setor industrial. Além disso, os preços dos ativos também têm apresentado bom desempenho recente, fato que normalmente antecipa a melhora na atividade econômica.

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