A inflação dos alimentos: uma análise do desempenho recente

Carta de Conjuntura Nº 31

Por Maria Andréia Parente Lameiras e Leonardo Mello de Carvalho

Desde meados de 2010, a inflação brasileira media pelo Índice Nacional de Preços ao consumidor Amplo (IPCA) vem se mantendo sistematicamente acima da meta de 4,5%, e, há quase dois anos, já se encontra em nível superior ao teto da banda de tolerância (6,5%). Embora esse comportamento tenha sido influenciado por fatores diversos ao longo do tempo, a trajetória dos alimentos vem, sistematicamente, contribuindo para a manutenção do IPCA em patamares pouco confortáveis.  Mais recentemente, a trajetória de alta dos alimentos, que acontece com uma intensidade ainda maior no atacado, ganhou novo impulso e impediu o recuo mais rápido do IPCA.

Para tentar entender melhor essa dinâmica dos preços dos alimentos, desenvolveu-se um modelo VAR, cuja análise da decomposição da variância indica que, em um horizonte de três meses, aproximadamente 37% da variação do IPCA é explicada pelos choques dos alimentos no atacado, enquanto o câmbio responde por 7,6% (Tabela 2). Adicionalmente, nota-se que o comportamento do câmbio sobre os preços dos alimentos no varejo torna-se mais relevante à medida que o horizonte se alonga, de modo que a influência chega a 14% nos 12 meses subsequentes. Diante desses resultados, pode-se inferir que parte da evolução recente dos preços dos alimentos no IPCA ainda é reflexa da intensa desvalorização cambial ocorrida no segundo semestre de 2015 e dos choques de preços no atacado provenientes dos problemas de safra ocorridos no primeiro trimestre deste ano. Adicionalmente, a melhora no comportamento dessas duas variáveis indica que a inflação dos alimentos deve reduzir a pressão sobre o IPCA nos próximos meses.

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