Setor Externo

Carta de Conjuntura Nº 30

Por Marcelo Nonnenberg

A forte volatilidade cambial parece ter se arrefecido discretamente nos últimos 5 meses, após um período de grande instabilidade e com significativa desvalorização do real. Esses movimentos parecem estar fortemente correlacionados com a variação do risco país. Tanto a desvalorização cambial quanto a recessão estão provocando uma intensa mudança nas principais contas do Balanço de Pagamentos. A Balança Comercial vem apresentando superávits sucessivos desde março do ano passado. No acumulado do ano até fevereiro, passou de um déficit de US$ 6,0 bilhões em 2015 para um superávit de US$ 4,0 bilhões. Entre 2014 e 2015, o saldo comercial passou de um déficit de US$ 6,6 bilhões para um superávit de US$ 17,7 bilhões. O déficit da conta de serviços foi reduzido em US$ 11,1 bilhões e o da renda primária em 9,8 bilhões, no mesmo período. Desta forma, o déficit em conta corrente passou de US$ 104,2 bilhões em 2014, equivalente a 4,3% do PIB, para US$ 58,9 bilhões em 2015, ou 3,3% do PIB. Do lado da conta financeira, há uma redução em virtualmente todos os componentes, mas numa dimensão maior em Outros Investimentos, com queda de US$ 23,8 bilhões no ano passado e em Investimentos em Carteira, com queda de US$ 18 bilhões no ano passado. Nos dois primeiros meses deste ano, a redução dos fluxos líquidos de Outros Investimentos foi de US$ 3,6 bilhões e nos Investimentos em Carteira, de impressionantes US$ 22,5 bilhões. A maior parte desta queda foi em títulos de renda fixa. Em compensação, houve um forte aumento no saldo líquido de investimentos diretos em janeiro e fevereiro, num total de US$ 11,1 bilhões. Para 2016, enquanto o Banco Central prevê um déficit em transações correntes de US$ 41,0 bilhões, as projeções mais recentes do mercado financeiro, conforme o boletim Focus, já apontam para cerca de US$ 20 bilhões, em parte graças a um superávit comercial previsto de US$ 44 bilhões, contra US$ 30,0 bilhões na projeção oficial do Banco Central. Alguns analistas já preveem mesmo um saldo próximo a zero em conta corrente em 2016.

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