Carta de Conjuntura nº 30
Por José Ronaldo de Castro Souza Júnior
A redução do nível de atividade econômica e, mais intensamente, da formação bruta de capital fixo (FBCF) trazem à tona duas questões importantes. A primeira é sobre o grau de ociosidade da capacidade produtiva brasileira e a segunda é sobre o impacto da redução dos investimentos sobre o crescimento do produto potencial. Enquanto o aumento da ociosidade da capacidade produtiva abre espaço para que o produto cresça acima de seu potencial quando houver uma retomada do crescimento, a redução do crescimento do produto potencial pode dificultar uma retomada mais forte e prolongada da economia brasileira.
Os resultados, nos gráficos 5 e 6, mostram que a redução recente do PIB gerou um hiato de quase 7%, valor bastante elevado e que permitiria que a recuperação da atividade econômica ocorresse mesmo com os baixos níveis de investimento verificados atualmente. O aumento da ociosidade também é visto em indicadores mais restritos, como o Nuci da indústria de transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Tal ociosidade disponibiliza capacidade de oferta para uma retomada do crescimento econômico que, para ser mantido, teria de ser acompanhado por uma expressiva retomada dos investimentos em capital fixo e de uma melhora da eficiência da economia. A oferta de mão de obra, por sua vez, tende a continuar seguindo uma tendência de desaceleração devido à dinâmica demográfica prevista para os próximos anos e décadas.