*Vandré Brilhante
O Terceiro Setor, e especialmente as ONGs chegam, finalmente, para o bem ou para o mal, a uma encruzilhada. A hora é de decisão, tomada de consciência e definição. Ou nos profissionalizamos, viramos mais uma página de nossa trajetória, ou estamos fadadas a sucumbir num grande redemoinho de novos e velhos atores sociais, buscando o protagonismo das ações, e novas rodas inventadas a cada dia.
Nas últimas duas décadas, as organizações não governamentais se consolidaram como atores protagonistas no trabalho social privado, dividindo com o setor público a execução de programas e projetos fundamentais para a mudança do perfil social do país. No entanto, paira no ar um estigma. As ongs são, ainda, acusadas de mau uso dos recursos recebidos para as ações sociais.
Quando são bem sucedidas, principalmente, chamam sobre si a suspeita de ilegalidade, falcatruas e outras mazelas. Como se a saúde financeira não fosse sinal, também, de competência administrativa. Não é de se estranhar que parte da opinião pública tenha essa percepção. Parece que vivemos num país em que o desvio é a regra. A sociedade se impacta, nesse início de primavera, com a absolvição de Renan Calheiros, e com toda a sua impávia. Uma casa como o Senado, caríssima para o povo brasileiro, e que decepciona a todos. Um dos senadores disse, inclusive, que foi muito bom que o Senado não tivesse ouvido a opinião pública! Nobres senadores. Pois bem. Nós, gestores sociais, temos que defender o nosso espaço de trabalho, nossa legitimidade e competência.
Essa defesa, por justa que é, deve se expressar omisso com resultados e transparência. Esta é a encruzilhada. Profissionalizar as organizações não governamentais, pensar suas ações e repensar suas metas e seu papel institucional. E é essa concepção que adotamos no CIEDS e procuramos repassar através das capacitações para Gestores Comunitários realizadas pela ESCOLA CIEDS.
* Vandré Brilhante é Secretário Executivo do Centro de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável, CIEDS
|
