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A lógica do Terceiro Setor na globalização

*Por Merula Steagall

O orçamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para o presente exercício é de 10,1 bilhões de dólares. O montante, um bilhão maior do que o valor de 2007, evidencia a crescente valorização da responsabilidade social, considerando que os recursos provêm de doações privadas e fundos para causas específicas, como educação e saúde, além de verbas governamentais.

No ano passado, o recorde de contribuições recebidas por outro organismo, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), corrobora a ampliação da consciência universal quanto à necessidade de reduzir os índices de miséria e promover a inclusdão social e mlehoria da qualidade da vida. No total, 181 Estados-membros contribuíram com 419 milhões de dólares para o UNFPA. Isto representa o número mais elevado de países doadores e o maior montante recebido a título de contribuições desde que a agência iniciou suas operações, em 1969.

O destino dos recursos demonstra o significado do apoio aos organismos da ONU, bem como a todas as instituições sérias, de natureza privada ou estatal, dedicadas ao bem comum. No caso do PNUD, o dinheiro financia suas atividades em 160 países, em programas relativos ao desenvolvimento de capacidades para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e outras metas de caráter socioambiental. As mudanças climáticas são uma das prioridades, e os dirigentes da agência enfatizam não haver maneira de as prevenir apenas com recursos públicos. Para eles, atrair o setor privado será a chave para solucionar o aquecimento global.

Quanto ao UNFPA, os recursos destinam-se à promoção dos direitos de cada mulher, homem, jovem e criança a uma vida saudável, com igualdade de oportunidades para todos. As verbas também são aplicadas no apoio aos países na utilização de dados sociodemográficos para políticas e programas de redução da pobreza. Contribuem, ainda, para assegurar que todas as gestações sejam desejadas, todos os partos sejam seguros, todos os jovens fiquem livres do HIV/aids e todas as meninas e mulheres sejam tratadas com dignidade e respeito.

Além de seus propósitos humanitários, as agências da ONU têm outro aspecto em comum: para ambas, os recursos privados são estratégicos e fundamentais. O mesmo raciocínio aplica-se às organizações do Terceiro Setor que atuam localmente, circunscritas ao atendimento de uma demanda social ou público específico. Como não têm fins lucrativos, sua capacidade de gerar receitas próprias é limitada. Assim, dependem do exercício da responsabilidade social por parte do capital privado e do esforço do voluntariado.

A lógica do Terceiro Setor, quanto à sua inserção no mundo globalizado, é a mesma que rege o universo dos negócios. Há organizações globais, como as agências da ONU, e as locais, como alguns excelentes exemplos brasileiros, dentre os quais a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), Fundação Dorina Nowill e ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). Tanto quanto as empresas, esses organismos devem ter atuação com foco local, mas olhar globalizado, mantendo-se sintonizadas nas tendências e capazes de promover intercâmbio internacional, para adotar práticas sempre atualizadas no cumprimento de sua missão humanitária.

Nesse contexto, é de se esperar que as verbas recordes das agências da ONU indiquem uma tendência não só globalizada, como também regional, pois os desafios são cada vez maiores para as entidades do Terceiro Setor. No caso das que atuam na luta contra o câncer, como a ABRALE, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) dimensionam a grandeza do embate: 84 milhões de pessoas morrerão da doença em dez anos, se nada for feito. Mais de 70% dos óbitos ocorrem em países em desenvolvimento e do terceiro mundo, onde os recursos necessários à prevenção, diagnóstico e tratamento são limitados ou inexistentes. Tal quadro caracteriza o câncer como problema de saúde pública e justifica os recentes movimentos para a estruturação de uma estratégia global de controle. O exemplo é didático e conclusivo sobre como deve organizar-se o Terceiro Setor no cenário da globalização.

*Merula Steagall é presidente da ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) e da ABRASTA (Associação Brasileira de Talassemia

Fonte: Investnews

 


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