Leis dos Estados Unidos provocaram a crise financeira

Leis dos Estados Unidos provocaram a crise financeira

 

Os bancos não quebraram por falta de regras, disse em seminário o técnico Adolfo Sachsida, do Ipea   

 

Foto: Sidney Murrieta
Técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Sachsida
diz que ainda é cedo para acusar os bancos pela crise

 "O preço dos imóveis subiu nos Estados Unidos porque havia uma ideia de que todo cidadão deveria ter um imóvel", afirmou o doutor em economia Adolfo Sachsida para o público que compareceu ao seminário Uma Interpretação Liberal da Crise Financeira, realizado na tarde desta quinta-feira, 28, no Ipea, em Brasília.

Sachsida, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto, considera que ainda é cedo para acusar os bancos e exigir uma regulamentação rígida do sistema financeiro. O Congresso norte-americano, segundo o pesquisador, criou uma série de leis que colaboraram para a crise. "Alguns bancos foram processados porque não ofereciam crédito às minorias", ressaltou.

Outra lei que cooperou para a quebra dos grandes bancos foi a que estabeleceu o direito de as empresas estatais Fannie Mac e Freddy Mac, uma espécie de Caixa Econômica Federal dos EUA, comprarem qualquer título hipotecário. Na visão do pesquisador, essa lei, somada aos juros artificialmente baixos mantidos pelo Banco Central, o FED, contribuiu mais ainda para aumentar os efeitos da crise, principalmente porque atingiu fundos de pensão e investimentos de governos estrangeiros.

"Países com taxa de câmbio fixa e superávit comercial com certeza perderam muito dinheiro", afirmou Sachsida. Ele questionou o papel das agências de rating, responsáveis pela análise e classificação de riscos atribuídos a empresas ou países. "Essas empresas erraram muito", comentou. Para Sachsida, déficit em conta corrente, por exemplo, não é problema. "Só é problema para países com taxa de câmbio fixa."

O seminário foi promovido pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac). Ao longo do ano, a diretoria promoverá uma série de seminários abertos ao público para debater questões macroeconômicas.