Crescimento populacional foi discutido em seminário no Rio

Crescimento populacional foi discutido em seminário no Rio

 

Taxa de fecundidade no Brasil está em baixa e tende a cair; país vive período de bônus demográfico

A renda per capita da população brasileira cresceu 12,7 vezes de 1900 a 2000. As duas melhores décadas foram as de 1950 e 1970, quando houve um grande aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e do PIB per capita. "A década de 1980 foi a pior de todas, com baixo crescimento do PIB per capita", afirmou José Eustáquio Diniz Alves, professor titular da da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ENCE/ IBGE) durante o seminário Estrutura etária, bônus demográfico e população economicamente ativa: cenários de longo prazo para o Brasil promovido pela Diretoria de Estudos Macroeconômicos (Dimac) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no Rio de Janeiro, no último dia 2 de junho. O evento contou com a presença do secretário executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Luiz Alfredo Salomão.

Os gráficos apresentados pelo professor mostraram uma melhora no início do século XXI em relação às duas primeiras e às duas últimas décadas do século XX. As taxas de crescimento e de fecundidade da população estão baixas. Atualmente, a taxa de fecundidade é de 2,1. Se ela for mantida neste número, o crescimento se conserva; acima de 2,1, aumenta o crescimento; abaixo deste número diminui. "Em 2040 é provável que a população pare de crescer. Depois do senso demográfico de 2010 poderemos analisar melhor", ponderou José Eustáquio. "O desenvolvimento é correlacionado a menor fecundidade, e aqui continua caindo. O fato é que a população vai dobrar", assegurou. No continente americano, a taxa mais baixa é de Cuba. 

O Brasil, de acordo com o estudo, tem tendência à queda de fecundidade. Dentre os determinantes estruturais desta queda estão a urbanização, a industrialização e a inserção da mulher no mercado de trabalho. Arranjos institucionais como o fortalecimento das políticas públicas de telecomunicações, educação, previdência; e mudanças nas relações de gênero também colaboram com esta tendência. "Todos os determinantes da queda de fecundidade no passado continuarão afetando hoje. O envelhecimento da população é inevitável", ressaltou José Eustáquio.

Em 1980, a População Economicamente Ativa (PEA) representava 1/3 da população. Hoje, mais de 50%. "A mudança da estrutura etária e a presença da mulher no mercado de trabalho influenciaram a PEA. A taxa de participação da mulher na PEA aumentou de 13,6 em 1950, para 52,4 em 2007, contra 80,8 e 72,4 dos homens, respectivamente. José Eustáquio explicou que quanto mais avançada a educação, mais próximas ficam as taxas femininas das masculinas. "Em 2008, quase 15 milhões de mulheres não estavam na PEA. O desemprego atinge mais o sexo feminino, que tem peso maior na informalidade. Mas a PEA vai crescer até 2020, independente de qualquer cenário", frisou.

A esperança de vida mundial dobrou em 100 anos, fenômeno inédito na história da humanidade. "A esperança de vida é uma das maiores conquistas da nossa história. O mais importante no século XX foi ter dobrado de 30 para 60 anos. No Brasil, em 2009, constatou-se que a esperança de vida está próxima de 77 anos para mulheres e 70 para homens", destacou José Eustáquio.