Indústria e investimentos têm crescimento recorde

Indústria e investimentos têm crescimento recorde

 

A avaliação animadora é da Carta de Conjuntura do Ipea, que foi divulgada nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro

Pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2008, todos os setores analisados pela Carta de Conjuntura do Ipea apresentaram crescimento na comparação entre o primeiro trimestre de 2010 e o mesmo período de 2009. “O investimento cresceu a uma taxa três vezes maior que a registrada pelo Produto Interno Bruto (PIB)”, ressaltou Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Ipea. Segundo ele, a projeção é de que os investimentos cheguem a uma taxa de 18% a 19% do PIB.

Messenberg acrescentou ainda, durante a apresentação da Carta, nesta segunda-feira (9), que “há muitos gargalos para serem rompidos na economia brasileira, e isso só vai ocorrer quando houver mais investimento público”. A equipe confirmou algumas projeções. “Projetamos uma taxa de 4% a 5% ao ano de inflação, crescimento de 5,5% a 6,5% e um saldo de transações correntes de – US$ 55 bilhões a – US$ 65 bilhões, informou Leonardo de Carvalho,  da equipe do GAP, que produziu a Carta de Conjuntura. “Não existe foco de pressão inflacionária”, disse Maria Andréia Parente, também do GAP.

Entre os setores que cresceram, o destaque ficou por conta da indústria, que registrou o melhor resultado. O crescimento de 14,6% frente ao primeiro trimestre de 2009 foi o maior desde o início da série histórica, segundo a nova metodologia do IBGE. Dentre os subsetores, todos registraram bom desempenho, com destaque para transformação (17,2%) e construção civil (14,9%).

O setor de serviços avançou 5,9% na comparação entre o primeiro trimestre de 2010 e o mesmo período do ano anterior. Por trás desse resultado, destacaram-se os subsetores comércio, transporte, armazenagem e correio e intermediação financeira e seguros, que apresentaram altas de 15,2%, 12,4% e 9%, respectivamente.

Após quatro trimestres consecutivos de retração, o setor agropecuário registrou variação positiva na comparação interanual, com avanço de 5,1% frente ao primeiro trimestre de 2009. De acordo com as estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola para 2010, o bom resultado da agropecuária tem como destaques o crescimento na produção de soja, algodão e milho (19,2%, 6,5% e 4%, respectivamente), além do bom desempenho da silvicultura e da exploração florestal.

Recuperação
Pelo lado da demanda, o destaque no crescimento do PIB ficou por conta dos investimentos, que, segundo os dados divulgados pelo IBGE, registrou crescimento recorde de 26% na comparação entre o primeiro trimestre de 2010 e o mesmo período do ano anterior. Com esse resultado, a taxa de crescimento acumulada em quatro trimestres, que chegou a –9,9% no final do ano passado, passou para –1,5%, refletindo a recuperação ocorrida tanto no consumo aparente de máquinas e equipamentos, quanto na construção civil.

Com esse resultado, após acumular uma expansão de 26,2% desde o segundo trimestre de 2009, os investimentos já se encontram num patamar superior àquele atingido antes do agravamento da crise financeira mundial, ocorrido no terceiro trimestre de 2008, com a taxa de investimento a preços correntes aumentando para 18%.

O Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 2,7% na passagem do quarto trimestre de 2009 para o primeiro trimestre de 2010, na série livre de influências sazonais, confirmando o forte ritmo de crescimento do nível de atividade. Na comparação em relação ao primeiro trimestre de 2009, o PIB avançou expressivos 9%, sendo essa a maior taxa verificada na série histórica, segundo a nova metodologia do IBGE. O excelente resultado do PIB no primeiro trimestre ainda foi bastante influenciado pelos efeitos das políticas anticíclicas implementadas pelo governo, em decorrência da crise financeira mundial.

Num ambiente econômico já aquecido pelo crescimento do crédito e pela expansão do mercado de trabalho, tanto as isenções fiscais quanto os programas de transferências de renda deram um impulso ainda maior no consumo privado. Nos seis primeiros meses do ano, foram criados 1.473.320 postos de trabalho, o que significa um aumento de 4,5% em relação ao mesmo período de 2009.

Leia a íntegra da Carta de Conjuntura