Conceição Tavares debateu macroeconomia na Code

Conceição Tavares debateu macroeconomia na Code

A economista participou de um painel na Conferência do Ipea e recebeu uma homenagem pelos seus 80 anos

Fotos: Sidney Murrieta
João Sicsú (C), diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do
Ipea, e os demais integrantes da mesa de debates na conferência

“Nem sempre o crescimento significa distribuição de renda. Por isso, o desenvolvimento econômico deve continuar pelo eixo social com políticas universais de educação e saúde, além da política de transferência de renda. Mas não dá para recuar no eixo econômico, não melhorar a indústria, senão vamos virar exportador primário de quinta categoria”, afirmou a economista e membro do Conselho de Orientação do Ipea Maria da Conceição Tavares, durante o painel VI da 1° Conferência do Desenvolvimento, em 26 de novembro.

A intelectual apontou que se não cuidar da parte cambial, o País não vai conseguir ter uma política industrial e tecnológica. Para ela, o desenvolvimento econômico a longo prazo sem essas políticas é regredir na industrialização. E polemizou ao dizer que a política fiscal de cortar os gastos sociais não funciona. “O argumento de que precisa cortar gastos para investir não tem sentido. Tem que cortar despesas irrelevantes, como os salários dos juízes e parlamentares. O Congresso Nacional não gera receita nem justiça, logo não tem direito de criar despesa”.

Conceição alertou do momento ruim da macroeconomia no mundo e disse que o Brasil deve ficar preocupado e fazer o controle de quantitativos para combater a inflação, aumentar o compulsório, controlar o crédito, “mas não puxar a taxa de juros, pois piora o fiscal e balanço de pagamento. E que Deus proteja a nova presidenta!”.  

Segundo ela, a política macroeconômica deve desvalorizar lentamente o real para evitar qualquer choque de juros e de câmbio.  “Não vamos esperar que G7, G20, G400, resolva a nova ordem internacional. Está uma desordem esse mundo multipolar”, criticou. Conceição observou que o Brasil deve ser um país independente e soberano não só para o exterior, mas com políticas de defesa soberana interna, com taxa de juros, política cambial e balanço de pagamento.

“A expectativa antes do fim dessa década é erradicar a miséria e se aproximar dos países desenvolvidos. Com essa situação internacional, não dá para deixar ao mercado o equilíbrio e o desenvolvimento do país”, concluiu.

Participaram também da mesa Ricardo Bielschowsky, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Raphael de Almeida Magalhães, membro do Conselho de Orientação do Ipea, Antonio Prado, vice-secretário executivo da Cepal, e Eva Chiavon , secretária da Casa Civil da Bahia, que homenagearam Conceição Tavares pelos seus 80 anos. O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas, João Sicsú, foi o moderador do painel.

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