População do campo teve melhoria considerável no RS

 População do campo teve melhoria considerável no RS

Estudo sobre a situação social no estado foi apresentado por Marcio Pochmann nesta terça, 31, em Porto Alegre
Foto: João Viana

O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, detalhou a situação social
no Rio Grande do Sul durante coletiva pública na FEE


O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, destacou a profunda mudança nos índices sociais no campo do Rio Grande do Sul (RS), com uma melhoria considerável para a população rural. De 2001 a 2009, a taxa de pobreza extrema no estado caiu de 4,7% para 2,2%, enquanto a média nacional passou de 10,5% para 5,2% no mesmo período. Na área rural do RS, onde 18% dos gaúchos habitam, esse índice teve uma queda de 32 pontos percentuais (10,2% da população viviam em extrema pobreza em 2001, e em 2009 houve queda para 3,3%).

No Brasil, a taxa de extrema pobreza no campo é de 12,64%. Os resultados são do estudo Situação social nos estados – Rio Grande do Sul, apresentado nesta terça-feira, 31, na Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE), em Porto Alegre. O presidente ressaltou que a renda domiciliar per capita na zona rural teve crescimento de 68,3%, superior ao observado na urbana (18,3%), passando de R$ 332,8 em 2001 para R$ 560,0 em 2009. Quanto à cobertura previdência, a população do campo está mais bem protegida (92%) que a urbana (81%).

Pochmann considerou o crescimento da renda na área rural como o principal motivo da redução da desigualdade e da queda acentuada na pobreza. “O saneamento básico e acesso à energia elétrica estão praticamente universalizados, inclusive no campo, um dos destaques do RS em relação aos outros estados que apresentam ainda uma desigualdade considerável entre os meios urbano e rural”, completou.

Porém, observou que nas cidades do RS houve uma estabilização com avanços contidos na primeira década do século, e ainda um aumento da taxa de homicídios masculinos na faixa etária de 15 a 29 anos, na contramão do observado no Brasil. Em 2001, eram 61,4 mortes por 100 mil habitantes. Já em 2009, o número passou para 74. Mesmo com o aumento, o estado ainda fica atrás se comparado ao índice da região Sul (81,7) e do Brasil (94,3).

Menor taxa de fecundidade
O RS sofreu um grande câmbio demográfico e é o estado com a menor taxa de fecundidade do País (1,55 filho por mulher). A média nacional é de 1,9, já abaixo da taxa de reposição (2,10), o que significa que a população começará a decrescer daqui a cerca de 30 anos. O presidente alertou que esse processo de envelhecimento traz a necessidade de mudanças nas políticas públicas, considerando a questão da mobilidade e do acesso dos idosos aos locais públicos, bem como a composição do gasto na área da saúde.

Pochmann defendeu uma visão mais holística ao analisar a situação social nos estados, na tentativa de abrir a agenda de discussão. “O enfrentamento não acontecerá resolvendo só uma das áreas sociais. É preciso uma perspectiva mais ampla possível da atuação do Estado no Brasil.” A pesquisa, que faz parte de uma série de publicações sobre as áreas sociais nos estados do País, traz ainda dados estatísticos de 34 indicadores nas áreas de previdência social, trabalho e renda, educação, cultura, habitação, entre outros.

Parceria entre Ipea e FEE
Antes do início da coletiva pública, Adalmir Marquetti, presidente da FEE, e Marcio Pochmann assinaram um acordo de cooperação técnica para a realização de estudos e pesquisas. A parceria também engloba a elaboração de indicadores, troca de informações e compartilhamento de base de dados.

Leia a íntegra do estudo A situação social nos estados - Rio Grande do Sul