Presidenta do Ipea discute desenvolvimento em MG

 

Presidenta do Ipea discute desenvolvimento em MG

Vanessa Corrêa aponta a nova dinâmica de crescimento da economia brasileira durante Code mineira

 

“Após o boom inicial puxado pelo setor exportador, as políticas sociais brasileiras junto com o aumento do investimento público tiveram um papel importante na mudança da dinâmica de crescimento que passou a ser mais atrelada ao mercado interno”, indicou a presidenta do Ipea, Vanessa Petrelli Corrêa, durante eixo de abertura da Conferência de Desenvolvimento de Minas Gerais, nesta quarta-feira, dia 01, na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, em Belo Horizonte.

A presidenta mostrou que, até 2003, as exportações tinham papel importante nos componentes da demanda. O aumento do preço das commodities internacionais permitiu que o país entrasse numa dinâmica de crescimento orientada pela exportação, aliada ao efeito China e à liquidez internacional. Depois, o consumo e o investimento tornaram-se os componentes principais, e as exportações tiveram valor negativo.

“É uma especificidade do Brasil que passa a ter um crescimento mais ditado pela demanda interna do que pelo setor exportador, e nos dá maior margem de manobra para reagir à crise do que os países da América Latina e até de outros países dos BRICS”, destacou.

Vanessa apresentou o cenário da economia em que, entre 2004 e 2010, cresceram a poupança doméstica, o consumo e o investimento. “O crescimento inicialmente puxado pelo setor exportador gerou mais emprego, aumentou a arrecadação, permitindo o crescimento das transferências de assistência e previdência para as famílias e o aumento do salário mínimo. Isso vai definir uma mudança da dinâmica interna da economia brasileira, pois implica no crescimento da demanda por produtos e serviços”. A presidenta ressaltou que o crédito, principalmente dos bancos públicos, determinou o aumento de demandas e produtos e teve impactos sobre os setores da economia e as decisões de investir do setor privado.

Sobre a desaceleração da economia em 2011, Vanessa indicou desajustes no modelo de crescimento e a necessidade de se discutir mais a questão da política industrial e da competitividade. “O modelo atual do crescimento brasileiro inclusivo, em que as políticas sociais e o investimento público são fundamentais, não está no seu fim. Na verdade, temos que articular melhor o investimento privado, avançando em problemas da estrutura produtiva e nossa integração com o mercado mundial”.

A economista defendeu que, apesar da política de distribuição de renda e de investimento público, o modelo do crescimento brasileiro precisa de outros elementos para reduzirem as desigualdades interregionais. “Só o movimento deste modelo inclusivo não tem a capacidade de avançar nas diferenças tão grandes que existem nas regiões brasileiras. Precisamos de políticas regionais integradas do governo federal com os governos estaduais para redução dessas disparidades e para avançar na inclusão social e no desenvolvimento econômico entendido como um processo que incorpora a população”, concluiu.