Temperatura do planeta pode aumentar de 3º a 5º C até 2020

Temperatura do planeta pode aumentar de 3 a 5 graus até 2020
Documento do PNUMA, lançado no Ipea, traz essa previsão caso não se reduzam as emissões de gases de efeito estufa 

Crédito: João Viana
No estudo, técnicos do Ipea avaliaram o combate do Brasil ao desmatamento

 

Atualmente, são emitidas por ano na atmosfera terrestre 49 gigatoneladas de gases que provocam o efeito estufa. A meta do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é que, até 2020, essas emissões sejam reduzidas para 44 gigatoneladas, tendo em vista o limite de 2ºC para o aumento da temperatura global. Porém, a estimativa é que, se medidas eficazes não forem adotadas, essas emissões cheguem a 52 gigatons por ano. Esta foi uma das conclusões do Relatório sobre as Emissões Excedentes de Gases do Efeito Estufa, divulgado pelo Pnuma, em parceria com o Ipea, nesta quarta-feira, 21, na sede do Instituto, em Brasília.

O lançamento do relatório teve a participação do presidente do Instituto, Marcelo Neri. “É muito difícil comparar a sustentabilidade de outros países com o nosso, mas as possibilidades para a sustentabilidade climática expostas no relatório nos dão razões para sermos otimistas. Fiquei surpreso em ver que, no período de 2004 a 2010, o desmatamento do país foi reduzido em um quarto dos seus valores iniciais”, afirmou.

O presidente também ressaltou que o Brasil tem metas mais ambiciosas para a redução de emissão de gases poluentes na atmosfera até 2020 que vários outros países. “Isso nos ajuda a formar uma economia mais sustentável", destacou Neri.

Metas

O técnico do Ipea Ronaldo Seroa da Motta, que participou da confecção do relatório, afirmou que esta edição traz levantamentos sobre emissão dos gases poluentes nos próximos 20, 30 e 50 anos, e as projeções são analisadas mediante promessas e compromissos dos países quanto à redução de suas emissões. Na terceira parte do documento, há estudos de casos de sucesso, onde as reduções aconteceram e como essas medidas podem ser ampliadas.

“Em 40 anos, será preciso reduzir pela metade a emissão de gases que provocam o efeito estufa. O esforço que se deve fazer é muito grande, e não se faz isso sem grandes inovações tecnológicas. Quanto mais cedo se começa, mais capital se tem para a inovação e experimentação de novas tecnologias que contribuam para essa redução”, assinalou.

Segundo Seroa, se não houver a redução das emissões e não for evitado o excedente de 14 gigatoneladas até 2020, a temperatura média pode aumentar de 3 a 5 graus Celsius e há o risco dos países poluentes se submeterem a tecnologias desconhecidas. “A mensagem do relatório é que precisamos tomar atitudes imediatas, e não esperar mais tempo. O financiamento desse projeto tem que ser feito não só pelos países ricos, mas esses devem também agir para reduzirem suas emissões”, declarou.

Caso brasileiro

O técnico do Ipea Jorge Hargrave, que também participou da elaboração do relatório, afirmou que somente dois países conseguiram obter sucesso na redução do desmatamento: Costa Rica e Brasil, que reduziu 75% do desmatamento na Floresta Amazônica desde 2004.

Hargrave elencou os fatores que contribuíram para o sucesso do caso brasileiro: agenda política prioritária, com ampla participação de ministérios e órgãos do governo federal; desenvolvimento de um dos melhores sistemas de monitoramento de florestas tropicais, com arranjo entre o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); a fiscalização constante de cinco milhões de quilômetros quadrados em região de difícil acesso; ações de embargo de áreas multadas e a corresponsabilização de supermercados que compram carne de animais criados em áreas de desmatamento ilegal; criação de áreas protegidas; e a articulação de um plano abrangente com diversos ministérios, estados e municípios.

De acordo com o técnico, para expandir as boas experiências, é preciso considerar que o monitoramento é um mecanismo relativamente barato, que pode facilmente ser adotado pela comunidade internacional. Além disso, é essencial criar políticas que afetam setores correlatos.

Também participaram da mesa de lançamento o professor Cláudio Gesteira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Sven Wunder, do Center for International Forestry Research (Cifor).

Leia o "Relatório sobre as Emissões Excedentes de Gases de Efeito Estufa" (em inglês)

Vídeo: Assista à íntegra do seminário de lançamento do relatório