Qualificação da mão de obra é analisada em boletim

Qualificação da mão de obra é analisada em boletim

Publicado nesta segunda-feira, 17, boletim Radar traz artigos sobre produtividade, demandas e competências laborais, e empregos verdes

Lançado nesta segunda-feira, 17, o boletim Radar: tecnologia, produção e comércio exterior discute a mão de obra no Brasil, suas demandas, possibilidades e capacidades. Os seis artigos que compõem a vigésima terceira edição da publicação reúnem análises e prognósticos do mercado de trabalho brasileiro, com foco no trabalhador, em suas capacidades e as particularidades dos diversos campos de trabalho e as respectivas competências exigidas.

Aspectos da produtividade laboral do país são discutidos no artigo Breves Notas sobre Escassez de Mão de Obra, Educação e Produtividade do Trabalho, escrito pelos técnicos de Planejamento e Pesquisa do IpeaPaulo A. Meyer M. Nascimento, Divonzir Arthur Gusso e Aguinaldo Nogueira Maciente. A apresentação da publicação foi realizada por Maciente, Meyer e Fernanda Nonato. A mediação foi de Fernada De Negri, diretora de Estudos e Políticas Setoriais de inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset), diretoria responsável pelo boletim.

O texto aponta que a produtividade do trabalho no Brasil é historicamente baixa, manifestando muito pouco crescimento ao longo dos anos. Medida em termos de produto interno bruto (PIB) por pessoal ocupado, a produtividade do trabalho brasileira é três vezes menor que na Coreia do Sul, quatro vezes menor que na Alemanha e cinco vezes menor que nos Estados Unidos.

Para Meyer, "o Brasil ainda forma pouca gente no ensino superior, e isso impacta na qualidade da mão de obra. Esta edição do Radar introduz a discussão com base nas competências educacionais do trabalhador brasileiro, e faz o mapeamento das suas competências".

Competências
Maciente também é autor do artigo A Mensuração das Competências Cognitivas e Técnicas das Ocupações Brasileiras, no qual ele traça prognósticos de pesquisa em andamento que busca caracterizar o mercado de trabalho brasileiro a partir das competências e habilidades dos trabalhadores.

“Trabalhadores com maior qualificação proporcionam maior inovação, desenvolvimento de tecnologias e aumento de produtividade, além disso, regiões que têm concentração de trabalhadores mais qualificados atraem mais investimentos e a questão da qualificação para as empresas se torna mais importante para a organização empregadora”, afirmou Maciente.

O resultado desse estudo cumprirá o papel de fornecer os instrumentos necessários para a compreensão de dimensões pouco exploradas do mercado de trabalho no Brasil e a investigação futura dos impactos que a qualificação dos trabalhadores e trabalhadoras exerce sobre as diferentes regiões e setores de atividade.

Em seguida, o pesquisador descreve que, no Brasil, a mão de obra é empregada em ocupações que utilizam mais intensivamente habilidades ligadas à venda e ao atendimento ao consumidor, à resolução de conflitos, ao uso da força física, à assistência médica, ao ensino e às telecomunicações, no artigo intitulado Uma Análise Setorial e Regional das Competências Laborais no Brasil.

Os demais fatores são, de acordo com o texto, relativamente menos utilizados pelas empresas e instituições empregadoras. Destacam-se, neste sentido, as habilidades cognitivas - ligadas à compreensão da língua e ao raciocínio lógico. 

Em Demanda por Trabalho Qualificado em Design e Engenharia nas Oito Maiores Regiões Metropolitanas do Brasil, Paulo A. Meyer M. Nascimento faz uma análise dos indicadores de diferencial salarial entre admitidos e desligados e de taxa de rotatividade nos empregos para os campos de design e engenharia, nas oito maiores regiões metropolitanas do país: São Paulo (RMSP), Rio de Janeiro (RMRJ), Belo Horizonte (RMBH), Porto Alegre (RMPA), Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF), Recife (RMR), Fortaleza (RMF) e Salvador (RMS).

Empregos verdes
De acordo com o quinto texto do boletim, A Identificação de Empregos Verdes, ou com Potencial Verde, sob as Óticas Ocupacional e Setorial no Brasil, de Fernanda J. A. P. Nonato e Aguinaldo Nogueira Maciente, existem hoje cerca de três milhões de empregos verdes no Brasil, o que corresponde a apenas 6,6% do total de postos de trabalho formais

Embora seja uma pequena porcentagem, estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que os empregos verdes já crescem mais rapidamente que os demais no mercado de trabalho brasileiro. A oferta nacional destas ocupações teria crescido 26,7% em cinco anos, contra 25,3% da média de crescimento de vagas formais do país.

O último texto, Níveis e Estruturas de Emprego no Brasil: algumas pistas para uma agenda de pesquisas trata da necessidade de se construir uma rede de estudos e pesquisas sobre as perspectivas do emprego no Brasil e os desafios que o país deve enfrentar, agora e no futuro próximo, para proporcionar aos trabalhadores as competências requeridas para atendê-las. A autoria é de Divonzir Arthur Gusso.


Leia o Boletim Radar nº 23

Vídeo: íntegra da apresentação do boletim Radar nº 23

Vídeo: Paulo A. Meyer comenta o conteúdo dos artigos da publicação

Vídeo: Aguinaldo Maciente fala sobre o artigo "A Mensuração das Competências Cognitivas e Técnicas das Ocupações Brasileiras"

Vídeo: Radar 23 traz artigo sobre "empregos verdes"