Ipea estudará as cadeias globais de valor

Ipea estudará as cadeias globais de valor

Oficina de trabalho, realizada nos dias 14 e 15, foi a primeira etapa do projeto

Foto: João Viana

Hubert Escaith, OMC: "Fragmentação dos processos
de produção criou um comércio de tarefas"

Uma oficina de trabalho organizada pelo Ipea, em parceria com o escritório brasileiro da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), deu início ao projeto que pretende analisar a participação do Brasil nas cadeias produtivas globais e as possibilidades de integração com a América do Sul.

O encontro reuniu, nos dias 14 e 15 de fevereiro, especialistas da Organização Mundial do Comércio (OMC), assim como representantes de instituições governamentais e de pesquisa de cinco países sul-americanos. Eles apresentaram e debateram inciativas semelhantes adotadas em outras partes do planeta, como, por exemplo, o projeto Database on Trade in Value-Added (Banco de dados do comércio exterior por Valor Adicionado) da OMC, que elaborou uma matriz insumo-produto mundial.

“A matriz que elaboramos mostra como insumos, bens e serviços circulam pela economia mundial, o princípio é semelhante ao adotado no cálculo dos PIBs dos países, apesar de ter um grau de complexidade maior”, explicou Hubert Escaith, da Divisão de Estudos Econômicos e Estatísticas da OMC.

De acordo com Escaith, entender como ocorre a movimentação de bens finais e intermediários no comércio internacional passou a ser importante desde o final do século passado, quando a fragmentação dos processos de produção criou um “comércio de tarefas”. “O novo modelo de terceirização de atividades fez com que países se especializassem em etapas específicas da cadeia de valor, na quais obtêm maior vantagem competitiva”, argumentou.

Complementariedades
Coordenado pela Diretoria de Estudos e Relações Econômica e Políticas Internacionais (Dinte) do Ipea, o projeto Participação do Brasil nas cadeias globais de valor e encadeamentos produtivos na América do Sul será composto por diversas etapas. A primeira delas avaliará, de forma mais aprofundada, a participação do país nas cadeias mundiais, a partir do estudo da OMC.

Após esta fase, será feita uma compatibilização das matrizes insumo-produto de outros países sul-americanos, o que possibilitará identificar complementariedades entre elas. Por fim, a análise dos resultados permitirá formular propostas de políticas governamentais.

“Existe uma área de produtos de média tecnologia que possibilita aos países da América do Sul se tornarem mais ativos na cadeia global de valor, por isso é importante identificar complementariedades e também os obstáculos a esse encadeamento”, justificou Renato Baumann, diretor da Dinte.

“Pensamos em encaminhar esta inciativa em toda a América do Sul, pois os estudos desse tipo, que ganham forte atenção graças às novas perspectivas do comércio exterior, nos auxiliam a tomar posição no novo cenário de negociações”, ressaltou Carlos Mussi, diretor do escritório da Cepal no Brasil.

Vídeo: Ipea discutiu as cadeias globais de valor

Conheça o projeto “Database on Trade in Value-Added”, da OMC