Bolsa Família muda percepção da mulher sobre sua vida

Bolsa Família muda percepção da mulher sobre sua vida

Ideia foi defendida por pesquisadores em evento promovido no Dia Internacional da Mulher

Foto: João Viana

Walquíria Domingues, Unicamp: Bolsa Família tem
função emancipatória

Uma pesquisa avaliou a influência do Bolsa Família (PBF) sobre as mulheres de regiões pobres e concluiu que o programa não apenas melhora a renda das famílias, mas tambéms muda a percepção dessas pessoas sobre a suas próprias vidas.

O estudo foi apresentado por seus autores – a professora do programa de pós-graduação em Sociologia da Unicamp Walquíria Domingues Leão Rego e o filósofo italiano Alessandro Pinzani, que leciona na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – durante o seminário Mulher e Bolsa Família, realizado, em Brasília, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) no dia Internacional da Mulher (08 de março).

Entre os aspectos levantados no trabalho, os pesquisadores destacaram a função emancipatória do dinheiro do PBF em lugares onde impera o trabalho informal, já que as oportunidades de emprego são quase inexistentes e o Estado é pouco atuante. Walquíria e Alessandro deram o exemplo de uma entrevistada do Piauí, que declarou só ter obtido crédito no comércio após o recebimento do benefício. Isto, segundo os autores, altera o moral das beneficiarias e desperta sentimentos de autoafirmação e determinação.

O debate também teve a participação da professora doutora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Neuma Aguiar. A pesquisadora é responsável por estudos com enfoque nas implicações do Programa Bolsa Família na atual divisão de papéis entre homens e mulheres - tanto na inserção no mercado de trabalho quanto na vida social.

“Não há avanços no sentido de que a gestora compartilhe tarefas de cuidados cotidianos com outros membros da família”, disse Neuma. Entretanto, em suas pesquisas, quase metade das entrevistadas responderam que elas tomam as decisões em casa. Um terço das beneficiárias disse que são os maridos a darem a última palavra.

Abertura
Na abertura do seminário, o chefe de Gabinete da Presidência do Ipea, Sergei Soares, observou que dois temas estão entre os que sempre se destacaram no trabalho do Instituto: “Gênero” e “Desigualdades”. “Abordar a temática da mulher e das transferências de renda em um dia tão importante quanto este é realmente muito especial”, garantiu.

Tatau Godinho, da SPM, falou do valor de um debate que combina o tema da mulher com as políticas sociais de todos os níveis. “O que é importante para nós é trazer a discussão de como as políticas sociais vão além das desigualdades e da pobreza”, falou.

Por fim, a ministra Tereza Campello, do MDS, destacou o trabalho do Ipea para a agenda tanto do MDS quanto da SPM. “Comemorar hoje o 8 de março, dez anos da Secretaria de Políticas para as Mulheres e dez anos do Bolsa Família é emblemático”, comemorou.

Vídeo: Seminário debateu o papel das mulheres no Bolsa Família

Veja a apresentação da Professora Neuma Aguiar "Análise do Programa Bolsa Família desde a Perspectiva de Gênero"