Oficina apresenta ferramenta para usar microdados do IBGE

Oficina apresenta ferramenta para usar microdados do IBGE

Desenvolvido na PUC-Rio com apoio da Finep, Data Zoom cita rotinas criadas no Ipea

O sucesso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em disseminar os microdados individuais de suas pesquisas domiciliares tem sido notável e crescente, mas ainda não são muitos os pesquisadores que dispõem de meios para operar sua utilização. Uma nova ferramenta de acesso público para facilitar o uso desses dados foi apresentada na última sexta-feira (15/8) em oficina de trabalho no auditório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no Rio de Janeiro, com participação de técnicos em Brasília por videoconferência. É o Data Zoom, um portal desenvolvido pelo Departamento de Economia da PUC-Rio com financiamento da Finep e que disponibiliza programas e dicionários em português e inglês para facilitar e ampliar o acesso de pesquisadores do Brasil e do exterior aos microdados públicos do IBGE.

Coordenador geral da iniciativa, desenvolvida ao longo de quatro anos por sucessivas equipes, o professor Gustavo Gonzaga relatou o histórico do projeto e destacou as contribuições do Ipea, por seu pioneirismo em pesquisas socioeconômicas com microdados no Brasil e pela criação de algumas rotinas de cálculo explicitamente reproduzidas e referenciadas no Data Zoom. O gerente operacional do projeto, Guilherme Hirata, explicou como os programas disponíveis permitem ao usuário, por meio de caixas de diálogo na língua escolhida, baixar, compatibilizar e gerar bases com indicadores padronizados a partir de Censos (1970-2010), PNADs (desde 1981), PMEs (desde 1991), POFs (desde 1995) e ECINFs (1997 e 2003).

Gonzaga e Hirata mostraram alguns recursos de análise especificamente criados pelo Ipea e incorporados aos programas disponíveis, como a metodologia para calcular, a partir de uma sequência de perguntas dos questionários do IBGE, um indicador único da escolaridade de cada pessoa. Para trabalhar com o painel da PME, o usuário pode apertar o botão identificado pelos sobrenomes “Ribas e Soares”, que aplica a sintaxe do algoritmo criado por Rodrigo Ribas e Sergei Soares e publicado no Texto para Discussão nº 1.348. Para atualizar pela inflação e compatibilizar os rendimentos declarados em diferentes anos, o botão “Ipeadata” faz referência às séries de deflatores disponíveis no site do Ipea, que reproduzem o cálculo recomendado no Texto para Discussão nº 897, de Carlos Corseuil e Miguel Foguel. Já o botão “Reis et al.” usa as áreas mínimas comparáveis (AMCs) indicadas por Eustáquio Reis, Márcia Pimentel, Ana Isabel Alvarenga e Maria do Carmo Horácio para localizar territórios acompanhados ao longo dos censos.

Segundo Gonzaga, o desenvolvimento da ferramenta contou com várias consultas ao IBGE e resulta de anos de colaboração entre várias instituições para gerar bens públicos que facilitem o aprimoramento das pesquisas no país. A equipe do projeto pretende intensificar o intercâmbio com institutos, universidades, associações de pesquisa em ciências sociais e usuários em geral para melhorar e ampliar os recursos da ferramenta.