País enfrenta o momento mais difícil do processo de ajuste

País enfrenta o momento mais difícil do processo de ajuste

Carta de Conjuntura do Ipea ressalta que levará algum tempo para resultados positivos serem perceptíveis à sociedade


“Diante da realidade negativa de praticamente todos os indicadores econômicos e da aplicação de diversas medidas corretivas de política econômica, o cenário macroeconômico tende a permanecer difícil até que os primeiros resultados sejam percebidos”. Essa foi a conclusão do coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea (Gecon), Fernando Ribeiro, na apresentação da 27ª Carta de Conjuntura na manhã desta terça-feira (23), na representação do Ipea no Rio.

O documento aponta um comprometimento do governo com ajustes nas áreas fiscais, na inflação e em Contas Externas, e indica que as medidas adotadas caminham para resultados positivos, porém demorados. “A incerteza quanto ao timing da recuperação da atividade econômica e à dinâmica política de aprovação das medidas no Congresso tornam difícil afirmar quanto tempo levará para o ajuste se consolidar”, afirmou Fernando Ribeiro.

A Carta de Conjuntura traz dados da situação econômica do país em sete seções: Atividade Econômica; Mercado de Trabalho; Inflação; Setor Externo; Finanças Públicas; Moeda e Crédito; e Economia Mundial.

Na seção sobre Atividade Econômica, o documento ressalta a retração do PIB no trimestre deste ano, situação que é agravada pelo aumento de um ponto percentual no desemprego nos quatro primeiros meses do ano em relação ao mesmo período em 2014.

Os resultados da balança de pagamentos nos primeiros quatro meses de 2015 e revelam uma redução no déficit das transações correntes (-12,4%). De acordo com o texto, a melhora na balança de pagamentos se deve a uma expressiva contração das remessas de lucros e dividendos (-44,1% no primeiro quadrimestre) e das importações de bens e serviços. No primeiro quadrimestre, o dólar em elevação não foi suficiente para impulsionar as exportações brasileiras, que tiveram queda de 16,4%. Diante disso, existe uma incerteza com relação às políticas monetárias de EUA e Europa e, principalmente, uma preocupação com as políticas de exportação para a China, onde a desaceleração de crescimento tem afetado as exportações nacionais.

Em relação às Finanças Públicas, a Carta ressalta que o ajuste fiscal em curso ainda apresenta resultados aquém do esperado, em virtude da queda das receitas tributárias. Mas, para os próximos meses, “espera-se quadro mais claro, em particular, espera-se que o espaço fiscal proporcionado pela elevação da arrecadação tributária e pela queda nos gastos aponte para um panorama de sustentabilidade fiscal”.

Foram divulgadas ainda, na página da Carta de Conjuntura nº 27, três notas técnicas. A primeira nota discute uma metodologia simplificada de estimação do consumo nominal do governo em bases trimestrais, a segunda apresenta considerações sobre a nova metodologia de apuração do balanço de pagamentos, enquanto a última mostra as implicações macroeconômic

Leia a Carta de Conjuntura nº 27