Especialistas analisaram a política social na América Latina

Especialistas analisaram a política social na América Latina

Seminário ocorrido nesta segunda, em Brasília, reuniu palestrantes de instituições do Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e Venezuela

Fotos: Felipe Farinha
Timothy Power, da Universidade de Oxford, participou como
debatedor do terceiro e último painel do seminário  


Nesta segunda-feira, dia 14, o Ipea, em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, reuniu especialistas para debater o futuro da política social na América Latina. “Depois de 50 anos de pouquíssima movimentação na área, houve, nos últimos dez ou 15 anos, um importante avanço na proteção, na ascensão de setores populares”, disse o presidente do Instituto, Jessé Souza. Para ele, há várias questões importantes sobre como medir a eficácia de políticas sociais. E medi-la exige a consideração de aspectos que estão sempre fora do ambiente de reflexão.

Representando o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Victor Rico destacou a importância das políticas sociais como elemento fundamental para a socialização da democracia. Da mesma forma, Diego-Sánchez Ancochea, da Universidade de Oxford, um dos coordenadores do evento, lembrou que é extremamente importante pensar política social no Brasil de uma forma mais ampla.

Wasim Mir, encarregado de negócios da Embaixada Britânica, citou um programa que vem sendo desenvolvido desde outubro entre Brasil, México, Peru, Argentina e Colômbia. “É um projeto que está tentando melhorar a tecnologia e a educação dos países, a exemplo do Brasil, porque temos de pensar além do modelo que já existe, de forma a buscar a redução das desigualdades para melhorar a economia”, ressaltou Mir.

De acordo com o diretor do Departamento de Temas Sociais do Ministério do Planejamento, Jorge Abrahão, a América Latina, assim como o Brasil, avançou muito nos últimos 12 ou 13 anos na questão do combate à pobreza e da melhoria da distribuição de renda. Mesmo assim, o Brasil ainda é um país muito injusto, desigual, a exemplo de outros países da América Latina. “A ideia deste seminário é discutir políticas sociais com outros países é para que todos possam aprender com as soluções que os outros vão dando para seus problemas e aplica-los em seus próprios países”, concluiu.

O secretário de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Paulo Jannuzzi, afirmou que o Brasil tem sido, neste início de século, um modelo de como as políticas sociais podem ser integradoras e inclusivas. “O Brasil realmente tem avançado muito. Hoje tem um investimento de 25% do Produto Interno Bruto em política social. É o maior percentual da América Latina, que apresenta uma média de 18%, e isso se traduz na forte redução da pobreza, da desigualdade”, destacou o gestor, lembrando que metade da redução da pobreza na América Latina observada pela Cepal se deu no Brasil.

Determinantes
O discurso de abertura do evento foi feito pelo vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Santiago Levy. Em seguida, participaram do primeiro painel, intitulado “Política social e distribuição de renda da última década”, León Fernández Bujanda (Banco Central da Venezuela), Rafael d’Aquino (Diretoria de Acesso a Serviços do MP) e Diego-Sánchez Ancochea.

À tarde, no painel “Determinantes políticos da política social”, David T. Doyle, professor de ciência política na Universidade de Oxford, falou sobre a chance de aumentar os gastos sociais pela América Latina. Christina Ewig, professora de ciência política na Universidade de Wisconsin, fez a apresentação “O depois e o agora: os determinantes políticos das políticas sociais”. Em sua exposição, ela apresentou os tais determinantes: o legado político, tecnocratas com visão e capacidade, e competição eleitoral.

A última palestra do painel, “A inclusão dos outsiders”, de Marta Arretche, professora de ciência política na USP, tocou no tema do acesso a saúde e educação. Segundo ela, os outsiders (pessoas que não se enquadram na sociedade e vivem à margem das convenções sociais), foram sendo incluídas por esses serviços gradualmente.

Antes da mesa final, o painel 3, "Política social após o 'boom' das commodities", teve como debatedor um dos organizadores do evento, Timothy Power, da Universidade de Oxford. Os palestrantes foram Daniela Campello (EBAPE/FGV, Rio de Janeiro), Juan Vargas (CAF) e José Pineda (Universidade da Colúmbia Britânica). A coordenação da mesa ficou a cargo de Leany Barreiro de Sousa Lemos, secretária de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão do GDF.