Fies: qual seu custo e qual retorno social para o Brasil?

Fies: qual seu custo e qual retorno social para o Brasil?
Boletim Radar analisa a influência de programas estudantis no aumento das matrículas e da renda do estudantes
 
A evolução do ensino superior no Brasil e as suas consequências – financeiras e sociais – são o foco da 46ª edição do boletim Radar, do Ipea. Além do aumento no número de matrículas em universidades, os artigos lançam luz sobre pontos como o impacto do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) nos salários, como avaliar o retorno social do financiamento estudantil público e qual a geração de renda decorrente .
 
Um dos estudos do boletim, Qual o Custo Implícito do Fies Para o Contribuinte Brasileiro?, escrito pelo pesquisador do Ipea Paulo Meyer e pelo analista de finanças e controle da Controladoria-Geral da União (CGU) Gustavo Frederico Longo, aponta qual o valor em impostos que o contribuinte brasileiro paga para cada cem reais em financiamentos concedidos pelo governo federal por meio Fies. O resultado mostra que houve redução na contribuição, entre 2010 e 2015, em razão do aumento, de 3,4% para 6,5%, na taxa de juros aplicada nos empréstimos entre os dois períodos: em 2010, para cada R$ 100 reais desembolsados pelo governo, o contribuinte arcava com R$ 47, enquanto em 2015 o valor caiu para R$ 27.
 
Outra discussão diz respeito ao retorno social que o Fundo de Financiamento Estudantil traz para o país. O artigo Financiamento Estudantil no Brasil: como definir sustentabilidade?, de Vinícius Botelho, do Ministério do Desenvolvimento Social  e Agrário (MDSA), e Samuel Pessoa, da Fundação Getulio Vargas (FGV), reconhece que o Fies gera externalidades positivas em razão de maior arrecadação de impostos para o setor público, motivado pelo aumento da escolaridade e, consequentemente, da renda dos alunos que se beneficiaram do Fies. “O retorno de se obter pessoas com mais educação no país vai além daquele que o próprio mercado de educação consegue capturar: as externalidades só podem ser avaliadas pela ótica do retorno social”, concluem.
 
Evolução do ensino superior
Em 50 anos, aumentou o número de estudantes que ingressaram no ensino superior privado no Brasil. Entre 1960 e 2010, o número de universitários na rede privada aumentou de 47.067 para 3.987.424. Em números totais, público e privado, o número de matrículas passou de 101.691 alunos, em 1960, para 5.449.120 em 2010.
 
Além do aumento observado nas matrículas em redes privadas, pode-se perceber o maior uso de financiamentos estudantis, como o Fies e o Programa Universidade para Todos (Prouni). Em 2005, 172.792 estudantes ingressaram em cursos superiores utilizando um dos dois programas de financiamento estudantil, enquanto em 2014 o número era de 955.822.