Estudo analisa possíveis efeitos da queda de exportações de carne

Estudo analisa possíveis efeitos da queda de exportações de carne

Impacto macroeconômico de uma redução prolongada das vendas para o exterior não seria significativo

Divulgado nesta quarta-feira, 29, no Blog da Carta de Conjuntura do Ipea, um estudo do técnico de planejamento e pesquisa Marcelo José Nonnenberg analisa a evolução das exportações de carnes brasileiras nos últimos cinco anos e os possíveis impactos que uma suspensão prolongada teria na economia do país. Os dados levantados colocam as carnes (bovina, de frango e suína) como o terceiro produto mais exportado pelo Brasil, somando 6,9% das exportações e US$ 13,3 bilhões nos 12 meses encerrados em fevereiro passado.

“As exportações de carnes são relativamente concentradas tanto em termos de estados produtores quanto em termos de destinos”, explica Nonnenberg. A produção voltada para a venda ao exterior se localiza majoritariamente no Sul, Centro-Oeste e em São Paulo. Por isso, uma redução prolongada das exportações teria um impacto maior nessas regiões. “Nesses estados, a redução das exportações teria um efeito muito grande sobre as vendas, a produção e o emprego”, pondera o pesquisador.

A macroeconomia brasileira, porém, não seria gravemente afetada. “Como as carnes representam 7% das exportações totais, mesmo que as exportações paralisassem totalmente, numa hipótese absurda, os impactos macroeconômicos sobre taxa de câmbio, por exemplo, não seriam importantes”, esclarece Nonnenberg.

O pesquisador observa também que o Brasil é o segundo maior exportador de carnes, de acordo com os dados mais recentes disponibilizados em 2015. No segmento da carne de frango, o país lidera o ranking mundial com 27% das exportações totais, sendo seguindo pelos Estados Unidos, com 15%. Quanto às carnes bovinas, o Brasil tem uma participação de 11%, enquanto Austrália e Estados Unidos figuram com 16% e 12%, respectivamente. Nas vendas de carne suína, o Brasil ocupa a oitava posição, com 5% das exportações totais.

“É importante perceber que esses mercados são altamente competitivos e uma redução das exportações brasileiras poderia ser facilmente compensada por nossos principais competidores”, alerta Nonnenberg. Contudo, o preço da carne no mercado interno dos principais importadores tenderia a subir devido à redução da oferta. Rússia, China e países árabes figuram entre os principais destinos das nossas exportações de carnes. No último ano, a Rússia absorveu 39% da carne suína exportada pelo Brasil; a Arábia Saudita, 19% da carne de frango, e a China, 17% do total exportado de carne bovina.

O documento pode ser acessado na íntegra neste link.