Ipea discutiu possibilidades da energia solar no semiárido

Ipea discutiu possibilidades da energia solar no semiárido
Seminário em parceria com o MCTIC debateu desde mudanças climáticas aos desafios da regulação

O Ipea promoveu nesta quarta-feira, dia 19, o seminário Potencial Solar no Semiárido Brasileiro e seu Papel Frente à Mudança do Clima. O evento, realizado em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), reuniu pesquisadores, empresários e membros da sociedade civil para discutir a viabilidade econômica do uso da energia solar e de que forma ela poderia contribuir com o desenvolvimento socioeconômico da região.

Na parte da manhã, os palestrantes trouxeram dados sobre o potencial de incidência solar, como esse tipo de energia se relaciona com outras fontes usadas pelo país e que tipos de desafios regulatórios o Brasil precisa enfrentar para garantir que os benefícios sejam distribuídos para toda a população. Também se discutiu o aproveitamento térmico da energia solar, e não apenas fotovoltaico (da luz), bem como a necessidade de encarar a implementação desse tipo de energia como um projeto nacional, e não apenas regional.

“O Brasil precisa parar de reagir a demandas externas e passar a estabelecer suas próprias prioridades ambientais”, afirmou Marcio Rojas, coordenador-geral do Clima do MCTIC. Ele lembra que a mitigação de danos ambientais é apenas um eixo do desenvolvimento sustentável, ao lado da adaptação aos desafios impostos pelas mudanças climáticas. Saulo Rodrigues, da Rede Clima, acrescentou que o uso da energia fotovoltaica é uma boa alternativa para integrar esses dois eixos, além de promover a descentralização da produção energética e, consequentemente, gerar mais renda, beneficiando populações mais vulneráveis.

“Não se justifica a pobreza no semiárido nordestino hoje”, concordou Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, durante o primeiro painel da manhã. Ele questionou a naturalização dos problemas socioeconômicos da região baseando-se na seca e defendeu que, usando-se apenas pastos abandonados e áreas degradadas, a produção de energia solar tem potencial econômico muito maior que a mesma quantidade de terra cultivando-se milho, por exemplo. “Se instalarmos painéis solares em pequenas e médias propriedades, estaremos contemplando a maioria dos proprietários.”

O impacto do uso da energia solar, sobretudo sobre a população do semiárido, apresenta várias problemáticas que precisam ser estudadas. “Temos que ter em mente que muitas vezes incentivos com motivos nobres geram impactos indesejados”, afirmou Rutelly Silva, do Ministério de Minas e Energia. Ele colocou como exemplo os subsídios à distribuição de energia termoelétrica nos anos de 2014 e 2015, que impactaram diretamente na implementação de mais painéis solares.

O financiamento é um dos principais obstáculos que a implementação de energia solar enfrenta no Brasil, de acordo com Lívia Raggi, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A questão da estrutura também é central, de acordo com os especialistas. “Ter irradiação solar não é garantia que os projetos serão realizados, é preciso investir em linhas de transmissão”, explicou Gabriel Konzen, da Empresa de Pesquisa Energética.

Painel discutiu a energia como medida de redução da pobreza

Painel 1 -  O Semiárido Brasileiro: mudanças climáticas e possibilidades de produção de energia solar

Painel 2 - O Potencial Técnico da Energia Solar no Semiárido: regulação e inovação

Painel 3 - Potencial Social: políticas de geração de energia como medida de redução da pobreza


Painel 4 - Viabilidade Econômica e Experiências de Geração de Energia e Renda com o Uso de Painéis Solares