Ipea cria modelo para análise da violência doméstica

Ipea cria modelo para análise da violência doméstica


Denominado Vida, modelo simula ocorrências de agressão em regiões metropolitanas

Diante dos indícios de aumento dos casos de violência doméstica, em sua maioria praticada pelos homens contra as mulheres, durante o isolamento social imposto pela pandemia da Covid19, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desenvolveram um modelo inovador, computadorizado, que facilita a melhor compreensão desse fenômeno pelos gestores públicos no Brasil. Denominado de Vida, novo modelo (software) analítico e informacional é baseado em agentes (ABM) – trabalhadores, empresas, famílias, etc. – e possibilita simular a ocorrência de agressão em determinada área de uma região metropolitana e ainda busca analisar fatores multicausais que influenciam os fatos geradores desse tipo de violência. Estudo detalhado sobre o Vida foi publicado pelo Ipea nesta quinta-feira (18).

Além do potencial aumento de casos de violência doméstica, o estudo pressupõe que o isolamento social gerou uma maior dificuldade de acesso às redes e serviços públicos para denúncias e assistência à saúde, e favoreceu a carência de informação e de ajuda às vítimas. “O Vida é um primeiro modelo de simulação formal, que em vez de uma história contada sobre violência, coloca ao alcance dos gestores públicos uma ferramenta com equação, método e fórmula no ambiente artificial do computador, possibilitando ao interessado averiguar, alterar e testar a programação do modelo”, disse o pesquisador do Ipea Bernardo Alves Furtado, um dos autores do estudo “Vida: Simulando Violência Doméstica em Tempos de Quarentena”.

Trata-se de um modelo baseado na constituição de uma família: homem agressor e mulher vítima, com ou sem filhos. As características do homem, da mulher e do ambiente familiar são baseadas em amostras da população recenseada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para 2000 e 2010 e para as 46 regiões metropolitanas brasileiras. “É um modelo intraurbano, pois abrange os bairros de cada uma dessas regiões metropolitanas, e ajuda o gestor público a avaliar medidas estratégicas para adoção no município”, assinalou Furtado. Para facilitar a compreensão do Vida, foi feito um estudo de caso, tomando-se a Região Metropolitana de Porto Alegre e Brasília como exemplos.

O indicador de risco (stress), construído pelos pesquisadores, é a parte central do modelo e foi criado a partir das características de cada membro da família, de variáveis obtidas ao longo da simulação e daquelas escolhidas pelo gestor público, entre elas, renda individual e familiar, gênero, anos de estudo, idade, cor e tamanho típico das famílias. Estas podem ser alteradas para avaliar a resposta do modelo às escolhas que incluem, por exemplo, a proporção de permanência em casa (com e sem quarentena); relevância do gênero para o indicador de stress; presença no mercado de trabalho; probabilidade de alterar o status de empregado ou não empregado e de mudar o salário na recolocação, além de posse ou não de armas e dependência química.

O estudo conclui que o modelo Vida permite evidenciar características da violência doméstica e suas disparidades georreferenciadas em um contexto como o da pandemia. Ter condições de simulá-la, antes que dados reais de registros de violência doméstica sejam processados, é muito útil, concordam os pesquisadores do Ipea. O gestor interessado pode simular casos na sua região para a configuração padrão e alterar os parâmetros da pandemia (tais como acesso ao sistema de denúncia, por exemplo) e verificar os resultados simulados com diferenciação no nível de áreas de ponderação do IBGE.

Acesse a íntegra do estudo

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