Famílias de classe média e média-alta são as mais atingidas pela inflação em março

Alta dos preços segue pressionada pelo aumento do segmento de transportes, impulsionado pelo reajuste de 11,2% dos combustíveis

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou, em março, pelo segundo mês consecutivo uma aceleração da taxa de inflação para todas as faixas de renda. O estudo foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada nesta terça-feira (13) e revelou que as famílias mais afetadas pela inflação, nesse período, foram as de renda média (com rendimentos entre R$ 4.127,41 e R$ 8.254,83) e média-alta (com renda entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66). A variação para esses dois grupos passou de 0,98% e 0,97% para 1,09% e 1,08%, respectivamente.

Como ocorrido no mês anterior, o segmento que mais contribuiu para a alta inflacionária de todas as faixas de renda em março foi o de transportes, impactado principalmente pelo aumento do preço dos combustíveis (11,2%). Para a classe mais baixa também pesaram os reajustes de 0,11% dos preços de ônibus urbano e de 1,84% dos trens. As famílias mais ricas ganharam, por outro lado, um alívio inflacionário nesse segmento com a queda de 2,0% do preço das passagens aéreas e a redução de 3,4% dos aplicativos de transporte.

Além dos transportes, o grupo habitação também contribui positivamente para a alta inflacionária das famílias mais pobres, sobretudo por conta do aumento do botijão de gás (5,0%), dos artigos de limpeza (1,1%) e da energia elétrica (0,76%). Já para as famílias mais ricas o segundo grupo com maior pressão inflacionária foi o de alimentos e bebidas, impulsionado pelo reajuste de 0,89% da alimentação fora do domicílio. Em março de 2021, a aceleração da inflação só não foi maior devido ao desempenho dos alimentos em domicílio, que registrou a primeira deflação (-0,17%) desde outubro de 2019.

Os dados também mostraram que, quando comparadas com o mesmo período de 2020, todas as faixas de renda sofreram uma aceleração da inflação. As famílias mais ricas foram as que registraram as maiores altas inflacionárias entre esses dois períodos. Enquanto a inflação para quem recebe até R$ 1.650,50 avançou de 0,25%, em março de 2020, para 0,71% em 2021, o incremento apontado para os que recebem acima de R$16.09,66 foi bem mais significativo: de -0,20% para 1,0%Além do impacto vindo de uma alta bem maior dos combustíveis em 2021, a aceleração inflacionária para as famílias mais ricas pode ser explicada pela pressão vinda do grupo despesas pessoais, com alta de 0,04% ante -0,23% registrada em março de 2020 e da menor deflação das passagens aéreas nesse mês (-2,0%) se comparada com o mesmo período de 2020 (-16,8%).

O resultado acumulado aponta que as famílias mais ricas sofreram uma pressão inflacionária maior do que as mais pobres durante os três primeiros meses de 2021, com altas de 2,3% e 1,6%, respectivamente. No entanto, ao se comparar a inflação acumulada nos últimos 12 meses (de abril de 2020 a março de 2021), nota-se que a taxa de inflação das famílias mais pobres (7,2%) segue acima da observada no segmento mais rico da população (4,7%).

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