Pandemia afetou mais o trabalho de mulheres, jovens e negros

Pesquisa do Ipea analisou dados da Pnad Contínua de 2012 a 2020

Artigo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira (12), identificou como as desigualdades associadas a sexo, raça/cor e idades no mercado de trabalho foram afetadas pela crise da pandemia de 2020. A pesquisa mostrou por meio de indicadores que foram mais afetados, no período, grupos populacionais mais vulneráveis: mulheres, negros e jovens. Os pesquisadores Joana Costa, Ana Luiza Barbosa e Marcos Heckser usaram como base os dados da PNAD Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao considerar o primeiro e o segundo trimestre de cada ano do período entre 2012 e 2020.  

Os indicadores mostraram que as mulheres seguem em desvantagem em relação aos homens. No segundo trimestre de 2019, a taxa de ocupação delas (46,2%) era inferior à do sexo masculino (64,8%). No mesmo período de 2020, houve redução para 39,7% no caso das mulheres e 58,1% para os homens. Mesmo antes da pandemia, as mulheres já possuíam uma maior chance de mudar da situação de ocupada para inativa e também uma menor chance de entrar na condição de ocupada; no entanto, a crise intensificou ainda mais essas probabilidades.  

As crises também contribuíram para o aumento dos diferenciais por cor/raça. A diferença na proporção de ocupados entre negros e brancos correspondia a 2,4 pontos percentuais, em 2015, e subiu para 5,3 pontos percentuais, em 2020. No caso dos negros, a taxa de ocupação passou de 55,1%, em 2015, para 45,9%, em 2020, enquanto, no caso dos brancos, o percentual também caiu de 57,5%, em 2015, para 51,2%, em 2020. O estudo comprova que houve aumento tanto na transição para desemprego e/ou inatividade quanto a redução na entrada para ocupação de forma mais intensa para os negros em 2020.

Na análise por faixa etária, ao comparar grupos de 19 a 29 anos e de 30 a 59 anos, constatou-se que a proporção de ocupados entre os adultos foi de 7,3 pontos percentuais acima dos jovens em 2015 (64,7% para os mais jovens contra 72% do grupo mais velho) e esse percentual aumentou para 12,3 pontos percentuais em 2020 (sendo 52,4% para o primeiro grupo e 64,7% para o segundo), ano em que a redução nas chances de conseguir emprego foi maior para os jovens.

O mercado de trabalho brasileiro que, mesmo em anos anteriores já não apresentava resultados satisfatórios, apresentou expressiva piora no ano passado, por conta da crise com a pandemia de Covid-19. Em 2020, não apenas a saída da condição de ocupado foi relevante, mas também a redução da entrada de indivíduos inativos e/ou desempregados em algum emprego teve papel na crise. E a diferença entre a crise de 2016 para a de 2020 é que, nesta última, houve uma intensa transição dos ocupados não para o desemprego, mas para a inatividade.

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