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Com exploração predatória, riquezas amazônicas não beneficiam maioria de sua população

Ipea aponta alternativas para a Cúpula da Amazônia, principal iniciativa de política externa do governo brasileiro em 2023

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) participaram no último sábado (5/8) da programação das atividades do evento Diálogos Amazônicos, realizado no Hangar Centro de Convenções, em Belém (PA), por meio do seminário ‘Os Desafios da Amazônia: Integração Regional, Ciência, Tecnologia, Inovação, Transição Energética e Financiamento ao Desenvolvimento – Contribuições da Revista Tempo do Mundo do Instituto. O evento reuniu representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, e antecede à Cúpula da Amazônia que reunirá chefes de Estado dos países da região entre os dias 8 e 9 próximos.

Durante o seminário, foram abordados temas fundamentais para a região. A participação do Ipea contribuiu com discussões relevantes sobre os desafios enfrentados pela Amazônia e as possíveis soluções para promover seu desenvolvimento sustentável. O debate contou com a apresentação de trabalhos previamente publicados pela Revista Tempo do Mundo, bem como de pesquisas realizadas pela Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea. Além disso, autoridades que atuam em temas relacionados à Amazônia e cooperação e integração regional contribuíram com comentários pertinentes.

O pesquisador do Ipea e editor da Revista Tempo do Mundo, Pedro Silva Barros, debateu sobre os desafios da Amazônia ao apresentar uma edição especial da revista contendo 15 artigos, com três pontos de partida complementares: primeiro, o diagnóstico de que as riquezas amazônicas não têm beneficiado adequadamente as populações da região, que deveriam ser os principais beneficiários; segundo, a afirmação de que a participação da Amazônia é essencial para qualquer processo de integração regional sul-americana eficaz; terceiro, a ênfase na necessidade de centrar o planejamento da recuperação verde na ciência, tecnologia e bioeconomia, com coordenação público-privada e engajamento de atores e governos subnacionais.

Virgílio Viana, superintendente da Fundação Amazônia Sustentável, tratou da importância de uma abordagem sistêmica para o desenvolvimento sustentável da Amazônia profunda. Marcela Cardoso Rodrigues, da Universidade de Brasília e ex-assessora do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, apresentou elementos de um plano de recuperação verde sob perspectivas regionais, nacionais e globais.

O professor da Universidade Federal do Pará, secretário de planejamento da Prefeitura de Belém e coordenador da edição da Revista Tempo do Mundo, Claudio Puty, ressaltou as Relações entre China e América Latina, comentou a respeito dos interesses extrarregionais na Amazônia e os desafios no financiamento de seu desenvolvimento. Julia Borba Gonçalves, pesquisadora bolsista da Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea, apresentou uma pesquisa sobre a governança e a rede de atores em projetos de infraestrutura, cuja metodologia pode ser aplicada para aprimorar a gestão das conexões entre Roraima e a Guiana, bem como entre o Acre e o Peru.

Ruy Pereira, diretor geral da Agência Brasileira de Cooperação, discursou o desafio de conciliar as necessidades e limites ambientais com o uso sustentável da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida para os sul-americanos que habitam a região, incluindo os mais de 10 milhões de residentes em cidades amazônicas com mais de 100 mil habitantes. Alexandre Pupo, da assessoria internacional da Presidência da República, apresentou a agenda de reconstrução dos processos de integração e cooperação amazônica e sul-americana, enquanto Rodrigo Rollemberg, secretário nacional de economia verde, descarbonização e bioeconomia do MDIC, ressaltou a necessidade de fortalecer o sistema de ciência e tecnologia na região, inclusive por meio do estabelecimento de uma Universidade Pan-Amazônica.

A Cúpula da Amazônia é a principal iniciativa de política externa do governo brasileiro em 2023, com foco no fortalecimento institucional da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O Ipea mantém uma parceria com a OTCA, formalizada por meio de um Memorando de Entendimento assinado em 2021.

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