Educação

Diferença salarial entre trabalhadores com ensino superior e médio chega a quatro vezes

Rendimentos variam de acordo com a área de formação, acesso a ocupações e aproveitamento do conhecimento adquirido

Beto Monteiro / Secom UnB

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatou que os trabalhadores com ensino superior no Brasil recebem remunerações significativamente mais altas em comparação àqueles que possuem apenas o ensino médio, independentemente da área de formação. A pesquisa divulgada nesta sexta-feira (16/6), intitulada "Trabalhadores com ensino superior: Área de formação, ocupação e diferencial de rendimentos em relação aos trabalhadores com ensino médio", conduzida pelo pesquisador do Ipea Maurício Cortez Reis revelou também que a diferença salarial varia consideravelmente de acordo com a área de formação.

Três fatores são considerados como determinantes para a diferença de rendimentos entre os trabalhadores de cada área de formação superior e os de ensino médio: a qualificação geral adquirida durante o curso superior, o acesso a ocupações com maiores remunerações e a relação entre a qualificação adquirida em determinada área de estudo e a exigida na ocupação. O estudo mostra ainda que, de acordo com as evidências encontradas, a valorização desses fatores varia significativamente de acordo com a área estudada.

A pesquisa revela que em áreas como engenharia e saúde, que já possuem remunerações mais elevadas, os três fatores analisados são relevantes, resultando em um diferencial de rendimentos quatro vezes maior em comparação aos indivíduos com ensino médio. Por outro lado, em áreas com remunerações mais baixas, como humanidades e artes, a falta de relação entre os conhecimentos específicos adquiridos e as exigências das ocupações contribui para que os rendimentos sejam mais baixos nesse grupo.

Segundo o pesquisador, no caso das pessoas formadas na área da educação, embora uma parcela relativamente alta desses profissionais trabalhe em ocupações relacionadas à sua formação, os efeitos associados à qualificação mais geral adquirida por esse grupo se mostram menores em comparação com indivíduos de outras áreas. Além disso, os formados em cursos de serviços têm inserção em ocupações com remunerações mais baixas, assim como ocorre em menor grau nas áreas de educação, humanidades e artes.

O estudo conclui ainda que o diferencial de rendimentos entre os trabalhadores com ensino superior e ensino médio é significativo no Brasil. No entanto, a heterogeneidade dentro do grupo de ensino superior é acentuada, sendo a área de formação um elemento fundamental para entender essa diversidade. Os resultados também destacam a importância do capital humano adquirido durante os anos adicionais de estudo, bem como o acesso a ocupações com maiores remunerações e o aproveitamento do conhecimento específico adquirido na formação.

Atualmente, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a principal forma de ingresso no ensino superior brasileiro. As inscrições para o Enem se encerram nesta sexta-feira (16/06) e podem ser feitas no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Neste ano, as provas do Enem serão aplicadas nos dias 5 e 12 de novembro.

Acesse o estudo

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