Educação

Retorno salarial de jovens com ensino médio completo oscila de 11% a 20%

Estudo publicado pelo Ipea analisou a rede pública e privada, com foco nos jovens de 20 a 24 anos

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A etapa escolar do nível médio no Brasil é marcada pelo baixo ingresso ou abandono pelos jovens. Por isso, entender a dimensão do retorno salarial do nível médio é crucial para avaliar as vantagens em cursá-lo e sua importância frente à desigualdade de renda. A partir dessa motivação, o estudo “Oferta de Escolas e Retorno do Ensino Médio Entre os Jovens no Brasil”, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), analisou o retorno salarial do ensino médio para os jovens de 20 a 24 anos, que variou entre 11% e 20%, de acordo com os instrumentos utilizados.

Os pesquisadores Carlos Henrique Corseuil, do Ipea, e Maíra Penna Franca e Danielle Carusi Machado, da Universidade Federal Fluminense (UFF), autores do estudo, constataram esse retorno ao empregar um conjunto de instrumentos que capta a densidade de oferta de escolas das redes pública e privada no município quando o jovem tinha 15 anos, idade de entrada no ensino médio. Como as medidas de oferta de escolas apresentaram uma relação positiva e significativa com a probabilidade de o jovem ter o ensino médio completo, foi possível verificar essa variação em termos de retorno salarial. As fontes de pesquisa foram o Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE), e o Censos Escolares de 2001 a 2005.

A média salarial dos jovens com nível médio completo, de R$ 5,40 por hora, é 7,5% maior comparativamente à dos jovens que não concluíram o ensino médio. A média salarial por hora dos jovens com ensino médio incompleto (4,77) se mostrou inferior à dos jovens que não chegaram a frequentar essa etapa do ensino no país. Na comparação entre jovens com fundamental completo (5,35) e médio completo (5,39), a diferença salarial é pouco expressiva.

A pesquisa mostrou que a cobertura do nível médio está baixa no Brasil. É necessário, conforme os autores, maior investimento em políticas públicas para que a juventude estude e, assim, amplie a expectativa de vida por meio de melhores posições no mercado de trabalho. Os dados refletem a condição social atual. Segundo o estudo, os jovens estão fora da escola principalmente pelas dificuldades de um bom ambiente escolar que garanta aprendizagem de qualidade e pelas condições sociais e econômicas das famílias, que limitam a ida ou a permanência na escola.

O desafio do governo federal é grande, avaliam os autores. Até 2024, a meta do Plano Nacional de Educação é aumentar a taxa líquida de matrículas dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio para 85%, além de elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos para atingir, no mínimo, 12 anos de estudo – o equivalente à conclusão do ensino médio. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação não estabelece idade mínima para a entrada no ensino médio, mas espera-se o jovem chegue a essa etapa de ensino aos 15 anos, caso não tenha atraso escolar.

Também foi avaliada a oferta total de escolas públicas e privadas de ensino médio por município. Sobre a distribuição do número de unidades de ensino por 1 mil habitantes, os jovens de 20 a 21 anos foram expostos a uma maior oferta de escolas (1,5, na média), frente àqueles de 22 a 24 anos (1,3, na média). Observou-se, ainda, uma maior concentração de jovens com ensino médio completo em regiões metropolitanas (51,8%) e em cidades grandes (27,7%).

Acesse a íntegra do estudo

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